Como proteger-se do
câncer
Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN
Dúvidas e comentários:
paulo_tarcisio@hotmail.com
A doença de nosso presidente Lula parece ter causado
verdadeira comoção nacional. Ao ver que até mesmo aquele que, foi por quase uma
década, o 1º cidadão brasileiro pode adquirir um câncer nos faz pensar que
também podemos padecer do mesmo mal. Esse fato parece óbvio quando
explicitamente escrito, mas trata-se de algo “soterrado”, no dia a dia, nas
entranhas de nosso inconsciente. Nunca achamos que pode ocorrer com a gente.
Acredito que dois fatores estão por trás de grande parte do
medo da população quando o assunto é câncer. Primeiro, sua alta mortalidade e
seqüelas mutilantes. Nesse sentido, nunca podemos esquecer que a maioria dos
cânceres, quando precocemente diagnosticada e tratada, evolui para a cura
completa, de modo que nosso medo não deve ser de ter um câncer, mas de tê-lo e
não saber disso.
Segundo, o caráter parcialmente incerto das neoplasias. Proteger-se
do câncer é como proteger-se de ladrões: não existe nenhuma medida de segurança
que seja 100% eficaz contra ladrões, mas, nem por isso, deixamos nossas casas
sem portas nem cadeados, ao contrário: sabemos que quanto mais medidas de
segurança criarmos, menor a probabilidade de sermos assaltados. Do mesmo modo é
o câncer, não há nada que façamos ou deixemos de fazer que nos dê 100% de
certeza que não vamos ter câncer, mas quanto mais saudável for nossa vida,
quanto mais construtivos forem nossos hábitos – desde o plano físico, passando
certamente pelos pensamentos e sentimentos que cultivamos – menor a
probabilidade de ele ocorrer.
Nesse curto texto, dedico algumas linhas a talvez um dos
piores hábitos quando o assunto é câncer: o cigarro. Fumar é o mesmo que deixar
nossa casa sem portas, nem janelas, com a chave na ignição do carro e uma faixa
no muro em letras garrafais dizendo “Ladrão, por favor me assalte!” Pode-se
dizer que mais de 90% dos pacientes com cânceres de “boca e garganta” – onde se
enquadra o câncer de nosso presidente – são tabagistas e etilistas, sem falar
do câncer de pulmão e de inúmeros outros ligados ao cigarro.
Existem medidas que podem auxiliar o indivíduo no abandono do
fumo, como medicações antidepressivas (pra reduzir o “mal estar” e tristeza),
adesivos de nicotina, pequenos hábitos como mascar chiclete etc. No entanto,
nada substitui a vontade do indivíduo. Não faz nenhum sentido a afirmação de
que “se eu quisesse, eu parava, não paro porque não quero”, pois a parte mais
difícil não é parar de fumar, mas querer fazê-lo. A parte difícil é ter força
de vontade e coragem. Converse com seu médico sobre parar de fumar,
conscientize-se do mal que o cigarro pode causar a você e às pessoas que ama e
coragem.
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