Os sinais que partem da governadora eleita, Rosalba Ciarlini, são de que está consciente de ter recebido das urnas grandes responsabilidades.
Claro: Em algum momento pode ter tido os seus instantes de envaidecimento pela consagradora votação que recebeu. É natural pra qualquer um de carne e osso e que tenha passado pela mesma experiência.
Mas, o importante é que ela demonstra saber, com precisão e convicção, que, sem se despir desse sentimento traiçoeiro chamado vaidade, por mais que se empenhe, jamais conseguirá fazer o que precisa a fim de honrar e corresponder a consagração que o povo lhe proporcionou.
A vaidade tolhe a capacidade realizadora de todos quantos consegue dominar. E o resultado é o tempo perdido, o descrédito, a desconfiança e a própria frustração pessoal de ver o tempo passar e de sentir a satisfação de ontem se desvanecer na rotina de dificuldades não enfrentadas e, por isso, nunca superadas.
É muito grande – em tudo – a distância entre a realidade de uma campanha (para o candidato) e o dia-a-dia de desafios da administração (para o governante). Rosalba deve saber disso como poucos e, talvez, por isso mesmo, tenha evitado promessas irrealizáveis durante a campanha.
Antes, bastavam a sua palavra, o gesto, a atitude, o aceno de mudanças, a perspectiva de melhorias. Agora, não, ela sabe. A palavra já não tem a mesma força; o gesto, a atitude, o aceno, de pouco adiantarão, se não vierem acompanhados de um trabalho efetivo, sério, consciente. E de resultados.
Claro: Ninguém vai exigir que a nova governadora seja capaz de realizar milagres. Mas, dela se espera que seja capaz, pelo menos, de botar ordem nos serviços públicos de saúde. Não dá mais para aceitar a tese de que são inevitáveis aqueles corredores superlotados no Hospital Walfredo Gurgel; alunos chegarem ao final do ano sem terem tido a metade das aulas que o currículo escolar exige; bandidos atropelando o sossego público com a repeticão de ataques à segurança e ao clima de tranquilidade que a sociedade reclama.
Ou seja: o que espera a governadora a partir de 1º de janeiro não é, decididamente, um mar de rosas. O que a espera são muitas dores de cabeça, sem direito a se dizer surpreendida, pois essa é a realidade em que o povo vive; essa é a realidade que ela conhece; essa é a realidade que levou a maioria da população a lhe dá o voto, na esperança de que ela não fuja de suas responsabilidades, nem se limite a ficar de olho no retrovisor em busca de responsáveis que tiveram a sua chance, mas, infelizmente, não conseguiram aproveitá-la.
Agora, que ninguém se iluda. Ao longo do tempo, essa tem sido uma tarefa praticamente impossível de ser alcançada. Mesmo com muito trabalho.
(*) Artigo que estou assinando na edição desta quarta-feira do NOVO JORNAL.
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