Henrique tem 46 anos de PMDB.
Desses 46 anos, passou sete, como líder da bancada na Câmara - sempre eleito por aclamação.
Como aliado do governo, sempre agiu com correção e lealdade.
E, nas raras vezes, em que houve impasses entre o governo e o partido - pela via do diálogo, sempre defendeu as posições do partido e, em pelo menos três oportunidades oportunidades que eu me lembre, conseguiu convencer ao governo que o caminho escolhido pelo PMDB é que estava certo.
Vou relembrar aqui essas três oportunidades que me vêm à cabeça:
- Minha Casa, minha vida - O projeto original do governo só contemplava municípios que tivessem população de 50 mil habitantes pra cima. Henrique foi o relator do projeto na Câmara e tentou convencer o governo que o "Minha casa, minha vida" não deveria excluir nenhum município. Muito menos os pequenos. O governo - depois de derrotado na Câmara - lhe deu razão. E o projeto, aprovado por unanimidade nas duas Casas do Congresso, com a sua alteração, foi devidamente sancionado.
Royalties do petróleo - A proposta do governo - com relação ao pré-sal - só beneficiava os estados produtores, contemplando assim os maiores Estados - Rio e São Paulo. Mais uma vez, Henrique, com o PMDB, ficou do lado dos menores e estendeu o direito aos royalties a todos os Estados Brasileiros.
Privatização de Aeroportos - O projeto original do governo colocava o aeroporto projetado para o Rio Grande do Norte, em São Gonçalo, num pacote onde tambem estavam aeroportos do Rio, São Paulo e Minas Gerais. Henrique com o PMDB, convenceu ao governo que esse projeto prejudicaria o RN, diante da grande diferença de capacidade de competição entre os estados concorrrentes. Os grandes investidores, é claro, iriam preferir levar seus investimentos para os Estados maiores. Então o governo, vendo que ele tinha razão, fez duas licitações distintas - a primeira, só com o aeroporto do Rio Grande do Norte; e a segunda, com a participação dos maiores Estados.
Ou seja: Em momentos cruciais - de disputa não apenas política, mas, também de caráter econômico, Henrique sempre esteve lá, ao lado do governo, aplainando a falta de habilidade de alguns, evitando disputas desnecessárias, que a nada levavam, e contribuindo para soluções consensuais em benefício da maioria do país e, por conseguinte, do governo.
Ultimamente tinha tudo para ser um ressentido, diante das posições de hostilidade adotadas pelo PT na disputa eleitoral aqui no RN e de sua candidatura a governador. Mas, pelo contrário, entendeu do seu dever continuar contribuindo para que o governo errasse o menos possível.
Aceitou ser ministro e, nos 11 meses que passou no comando do Turismo nacional, conseguiu alavancar o setor, apesar de todas as dificuldades e recebeu aplauso generalizado por sua atuação, inclusive da própria presidente Dilma.
Agora, como disse em sua carta, lamenta reconhecer que - neste momento - está exaurida a chance de diálogo entre o governo e o PMDB. Sente que o partido por sua maioria quer deixar o governo e entende que tem o dever de sair, mesmo tendo a vontade pessoal de dar sequência ao trabalho que vinha realizando, em atenção ao Brasil e à confiança que a presidente nele depositara.
Mas, eticamente, não poderia. Como também não poderia - por correção - votar pela saída do governo ao qual serviu - com competência, correção e lealdade até ontem. Por isso, já fora do Governo, não irá à reunião partidária prevista para esta terça-feira, em que o PMDB formalizará a decisão de colocar um ponto final na sua participação no governo da Presidente Dilma.
Mas, verdade seja dita - Henrique fez tudo o que estava ao seu alcance para superar o impasse no diálogo entre o PMDB e a presidente Dilma. Só quando percebeu que, efetivamente, o diálogo tinha se exaurido, viu que chegara a hora de tomar uma posição. E sua posição não podia ser outra - De respeito e reconhecimento à confiança que a presidente nele depositou, mas, também,de lealdade, correção e fidelidade ao partido, cuja bandeira sustenta, com grandeza e altivez há 46 anos.
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