quarta-feira, 18 de maio de 2011

Servidores do RN aprimoram mobilização

Risco de greve geral*

Estou supondo isso, pelo andar da carruagem.
O governo passado represou as reivindicações dos servidores e conseguiu com os sindicatos acordos salariais a serem cumpridos pelo governo seguinte - o atual.
Sinceramente: Esse é o tipo do acordo sacana. Você (no caso, o governo passado) foge de uma responsabilidade e consegue com o seu credor (no caso os sindicatos) transferí-la para o seu sucessor (o governo atual).
Os sindicatos foram ingênuos ou participaram da manobra? 
Porque esse é o tipo de caso onde não pode ser alegada a impessoalidade do governo.
No entanto, é essa a invocação que eles fazem: O governo estadual está se recusando a cumprir a lei.
É uma invocação verdadeira. Isso ninguém pode negar.
Tenho minhas dúvidas quanto à sua moralidade e ao seu embasamento ético.
Agora: O nó que o governo passado deu, de comum acordo com os sindicatos, todos têm que reconhecer, foi bem dado. E, inclusive, contou com o beneplácito e o apoio (aliás, não somente o apoio) a aprovação formal da Assembleia Legislativa. 
A Assembleia? Exatamente: A Assembléia.
Dentro dela, a própria bancada governista atual e que, na época dos "acordos", era oposição. Tirou o "c" da reta de uma forma demagógica e politicamente inaceitável, embora eleitoralmente recomendável.
E, infelizmente é assim: Quase sempre o que é “eleitoralmente recomendável”, ética e moralmente é inaceitável. Pode até haver exceção. Mas, são raras.
Quer dizer: tendo agido como agiu, é muito delicada a posição a ser adotada pelos deputados no momento atual. As leis, cuja execução hoje os sindicatos cobram, foram aprovadas por eles e, se não estou equivocado, se não por unanimidade (não tenho certeza, mas acho que sim), mas, pelo menos, por uma maioria irrefutável.
O atual governo, que ainda tateia para se organizar e para ter uma idéia mais concreta da capacidade arrecadadora do erário e dos seus compromissos como um todo, encontra-se, literalmente, com as calças na mão.
Até porque não é este o seu único problema.
Mas, imagine o tamanho: greve na educação; greve na Polícia Civil; apreensão na Polícia Militar; insatisfação na Tributação, no IPE, na Emater, no Detran, na Datanorte, aqui, ali, acolá, no próprio gabinete da governadora... Não vai ser fácil sair dessa enrascada.
Daí, portanto, a minha suposição de que, se ainda não está sendo engendrada, a perspectiva de uma greve geral pode se consolidar, concretamente, diante das posições duras e irredutíveis com que as partes vêm encarando a presente situação. Torço pra que encontrem um elo de negociação, pois essa postura de faca no peito do outro, só termina em prejuízo pra todos.
* Artigo de minha autoria publicado na edição desta quarta-feira no NOVO JORNAL  

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