Nada de subterfúgio
Em poucos momentos na história de Natal um prefeito se viu tão pressionado quanto está sendo agora a prefeita Micarla de Sousa.
Pressões de ordem política; pressões de ordem institucional e jurídica; pressões de ordem econômico-financeira; pressões de aliados; pressões de adversários e, mais recentemente, a pior de todas as pressões – a pressão da impaciência popular.
Não é fácil sair-se bem no lugar em que Micarla está. Micarla e não apenas ela. Todos os governantes, especialmente aqui no Brasil, os governantes de municípios como Natal e outros até piores, cujas receitas não cobrem a metade das reais necessidades de sua população.
Mas, a questão não é essa.
Afinal, Micarla e os outros não estão lá obrigados; à força, como se estivessem condenados.
Estão lá porque pediram; imploraram ao povo que os colocassem lá – e de forma até insistente – proclamando-se capazes de superar e vencer a dura realidade em que vivem os municípios brasileiros.
O tempo passa e a capacidade que apregoavam não aparece.
Os problemas se agravam; a paciência do povo se esgota; a crise aumenta; os políticos procuram tirar proveito da situação – como aliás, Micarla também tirou, no tempo de Carlos Eduardo e, no frigir dos ovos, para eles – os políticos – tudo se ajeita, e só quem paga o pato é o povo.
Tenho ouvido e lido manifestações de Micarla achando que a insatisfação popular está sendo levada longe demais, às vezes ameaçando até a sua integridade pessoal e familiar. Não tenho razões para desacreditar desse desabafo da prefeita.
Cada um é que sabe onde o sapato está apertando. Mas, ela tem de olhar a realidade do momento sob uma outra ótica, sob um outro prisma.
Ninguém tira dela o direito de se sentir, em alguns momentos, desrespeitada. Mas, mais direito ainda de se sentir desrespeitado, tem o povo.
Até porque, a sua parte, o povo fez. A elegeu. Contra tudo e contra todos. E quando vê, a cidade esburacada, a rua onde mora no escuro, a unidade de saúde sem funcionar, a escola em condições precárias, a dengue matando, o lixo se espalhando, o IPTU aumentando; a prefeitura gastando... é natural também que o povo se sinta desrespeitado e reaja.
Só vejo uma saída para crise. É Micarla dá razão ao povo, fugir dos subterfúgios e trabalhar para que o resultado apareça. O tempo de prometer passou.
* Comentário que assino na edição desta quarta-feira do NOVO JORNAL.
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