PODER DA HIPNOSE
Paulo Afonso Linhares
Difícil de acreditar, mas, afirmo que vi espichada numa rua de Natal uma faixa que dizia: “Curso de Hipnose – Antonio Carreiro-BA”. Achei o máximo que nestes tempos de Internet, I-Pad, I-Pod e suas imitações que pouca coisa podem alguém se dispusesse a ensinar hipnose. É bem verdade que estranhei o “BA” depois do nome do professor (?). Será que quer dizer “bacharel em artimanhas”? Ou Antonio Carreiro é uma cidade da Bahia onde se realizará o curso de hipnose? Não deu para saber. E o mais grave: que tivesse “alunos” interessados em aprender essa técnica que, aliás, exerceu algum fascínio na primeira geração da Psicanálise, à frente o próprio Sigmund Freud quando estudante e no início de sua carreira. Claro, ele abjurou essa prática que, segundo definição da American Psycological Association nada mais é que “[...] procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde sugere que um cliente, paciente ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamentos”.
Bom, a faixa trouxe-me à mente coisas mais singelas, como aquelas tentativas de hipnotizar animais – quase todas redundantes fracassos – dos ilusionistas dos pequenos circos que aportavam nas pequenas cidades do interior deste Estado. No máximo conseguiam que uma velha e sonolenta galinha fizesse “croc” e botasse um ovo sem graça. E o Abel dos Pãos (não esqueçamos que "pão ou pães, é questão de opiniães...”, segundo o mestre Guimarães Rosa) aprendiz de mágico lá de Caraúbas? (depois conhecido como “Professor Nakaren”, um herculano quintanilha de segunda mão sertanejo), nas tentativas de hipnotizar tudo que era bicho. E nada. Só mais uma galinha sonolenta a botar molhado ovo sem graça. Aliás, seguindo seus passos, o máximo que conseguíamos era fazer dormitar aqueles calanguinhos verdes que pegávamos nos mata-pastos (Cássia tora, linn) invernais.
Com efeito, dominar corações e mentes, sobretudo estas, tem sido atração e desafio desde tempos imemoriais. Um mundo fascinante e não menos aterrador aquele do mágico Flautista de Hamelin, conto do folclore germânico reescrito pelos irmãos Grimm, uma narrativa do sinistro ocorrido na cidade alemã de Hamelin, em 26 de julho de 1284. Nesse ano, a cidade de Hamelin sofria com uma praga de ratos que devoravam toda as provisões dos celeiros, até que apareceu um estranho homem dizendo-se “caçador de ratos” e que acabaria com aquela infestação. Os cidadãos apavorados prometeram-lhe régia compensação: para cada rato uma dourada moeda. Sem se fazer de rogado aceitou o acordo. Ato contínuo sacou uma pequena flauta e começou a tocar, hipnotizando todos os ratos que o seguiram até serem afogado pelas águas do Rio Weser. Os cidadãos de Hamelin não pagaram ao homenzinho o prometido e este, como vingança, dias depois, tocou a sua flauta para hipnotizar todas as crianças da cidade, levando-as para uma remota caverna de onde jamais retornaram.
É bem verdade que o flautista de Hamelin ou mais precisamente Der Rattenfänger von Hameln (título original do conto, literalmente, “o caçador de ratos de Hamelin”) bem que poderia dar um passadinha por estas bandas, em especial, pela capital de República, onde os “meninos maus de famílias boas” teimam em corromper tudo aquilo que suas enlameadas mãos ousam tocar, inclusive nas tantas “meninas boas de famílias más” que infestam o Planalto Central. Imagino aquela fila enorme de condestáveis da República (senadores, deputados, ministros dos Tribunais Superiores, ministros dos ministérios, lobistas, empreiteiros, diplomatas, putas de gabinete etc.) a seguir o som da flauta do homenzinho misterioso que os afogaria nas poluídas águas do Paranoá. Tudo rápido, indolor, limpo e sem aquele barulho e o cheiro de cão queimado que faz e exala a faxina de Dona Dilma Rousseff. Com a tal de hipnose é mais cruzeiro (ou real). Certamente, o Brasil agradeceria comovido. Com as bênçãos do nosso Padim Cícero do Juazeiro.
DIREITO DE RESPOSTA.
ResponderExcluirNão posso deixar de contestar a crítica assinada por Paulo Afonso Liares, com o título de “O PODER DA HIPNOSE” especialmente por vincular diretamente meu nome, publicada neste Blog, com a anuência do (s) moderador (s). Antes tive o cuidado de buscar informações sobre o autor da agressão, aí a surpresa foi maior que a indignação. Parece que se trata de alguém que declara ter titulação acadêmica incompatível com o seu ato. No entanto, demonstra, ao escrever, arrogância e desconhecimento absolutamente incompatível para um Bacharel em Direito, Mestre e Doutor em Ciências. O que se lê parece apenas representar um primário instinto de agredir e ofender, sem propósito ou provocação. Revela um recorte de superficialidades que apenas embuti a clara intenção de denegrir sem nada acrescentar, serve apenas para o autor demonstrar imenso desconhecimento e preconceito sobre temas sérios, se refere à psicanálise e a hipnose de forma ingênua e superficial.
Ainda atordoado pela repercussão do fato, comecei a receber apoio e solidariedade do todos os cantos do país, das Universidades pelas quais passei como avaliador designado pelo Ministério da Educação, para proceder autorização ou reconhecimento dos cursos de bacharelado em Direito, dos meus orientandos em programa de Mestrado e Doutorado, das confrarias, associações representações sociais e políticas as quais tenho vinculações e de muitos alunos e ex-alunos que hoje figuram na magistratura dos quatro cantos do Brasil, de representações de órgãos e instituições ligadas ao estudo e aplicação da hipnose e da hipnoterapia.
É uma situação que não vejo como remediar por ser grande a perda moral que sofri. Tudo porque alguém resolveu escrever sobre quem nunca viu e nem conhece, aliado a um tema que parece ignorar por completo, um texto de superficialidades, inócuo enquanto validade de conteúdo, mas agressivo ao extremo. Assim, num primeiro momento, espero retratação ou a justificativa, sem perder de vista o desdobramento e encaminhamento que o caso exige. Concluindo, espero nesta oportunidade contribuir para aclarar seus leitores, quanto à importância, relevância e atualidade do estudo da hipnose, convidando para que leiam os artigos que publiquei no blog da Academia Brasileira de Hipnose, www.brasilhipnose.com.br. Atenciosamente, Professor Doutor Antonio Almeida Carreiro, OAB/BA, 10.399.