domingo, 7 de julho de 2013

Artigo de Paulo Afonso Linhares

O RN QUE NADA PODE

Paulo Afonso Linhares 

Para o Rio Grande do Norte não vale a máxima popular de que "quem não pode com o pote nem pega na rodilha". Ora, anos atrás causou enorme euforia na terra do índio Poti a notícia de que Natal seria uma das sub-sedes da Copa de Futebol da FIFA de 2014. Conhecedores dos caboclos desta aldeia duvidaram, desde entāo, da capacidade da nação papagerimum - embora a palavra "potiguar" signifique literalmente "comedor de camarão"! - de realizar esse importante evento esportivo. Muitas luas à frente eis que pouca coisa foi realizada das promessas feitas pelos governos do Estado do Rio Grande do Norte e de Natal à poderosa FIFA, aos quais caberiam as obras de "mobilidade urbana" (os prolongamentos da Avenida Prudente de Morais até a BR-304 e da Avenida Roberto Freire, além das ligações daquela rodovia federal com o Aeroporto de São Gonçalo, tudo a cargo do governo do Estado do RN,) e do entorno do Estádio "Arena das Dunas" (encargo assumido pela Prefeitura Municipal de Natal).

Apesar da dinheirama garantida pelo Governo Federal via BNDES, a única obra visível é mesmo a do Estádio "Arena das Dunas" que, segundo informes à imprensa local, estaria rigorosamente dentro do cronograma. As outras obras, "nem o azul", como se dizia lá nas Caraúbas da infância: o furacão "Micarla de Souza" impediu que a Prefeitura Municipal de Natal  iniciasse aquelas com as quais se comprometera e, estranhamente, o prefeito Carlos Eduardo Alves, que tem fama de bom gestor, se mantém distante e silente, como se nada tivesse com isso; na outra ponta, quando assumiu o Governo estadual Rosalba Ciarlini, que colocou à frente das obras o experiente engenheiro Demétrio Torres, pensou-se que as tais "de mobilidade" (essa é a locução da moda). Nada. Dificilmente elas terão início antes da Copa de 2014 e mesmo que iniciadas agora certamente não estarão concluídas até o começo desse importante evento desportivo.

Diante dessas calamidades política-administrativas, agora somente falta "seo" Joseph Blatter mandar aquele diretor malcriado da FIFA (o Jérôme Valcke) dar um pontapé no traseiro das autoridades potiguares. E tirar do RN a prerrogativa de sub-sede da Copa de 2014. Por que cearenses e pernambucanos conseguiram cumprir o que acertaram com a FIFA e com o Governo Federal e os potiguares (reles comedores de "camarão na moranga") não? Questão de mentalidade: os nossos vizinhos têm, hoje, uma visão bem diferente acerca do que seja melhor para seus processos de desenvolvmento econômico, tanto que seus PIBs crescem em níveis que fazem inveja aos chineses, em especial  Pernambuco. Enquanto isto, o raquítico elefantinho potiguar tropeça nas próprias pernas e vai perdendo uma oportunidade atrás da outra,  a despeito de concentrar enormes e variadas pontencialidades econômicas. E amarga péssimas colocações quanto aos diversos indicadores sociais, notadamente na educação e na saúde de sua população; até o vagaroso Piauí já deixa o RN na poeira em muito desses indicadores. Logo seremos ultrapassados por Sergipe, Amapá, Rondônia e por aí vai.

Recentemente, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, esteve no Rio Grande do Norte para inpecionar as obras  do aeroporto que está em construção no Município de São Gonçalo do Amarante(RN), certamente a obra estruturante mais expressiva na história potiguar, desde quando erigiram na margem direita o Rio Potengi aquele pequeno forte em forma de estrela, merecidamente denominado "Aeroporto Aluizio Alves". Na visita, em companhia da governadora Rosalba Ciarlini, o ministro Moreira Franco chegou ao futuro aeroporto por uma poerenta esburacada estrada carroçável: negligentemente até agora os acessos planejados não tiveram suas obras sequer iniciadas. Corre-se o risco de terminarem as obras do aeródromo e não ter como chegar lá, por terra. Preocupante mesmo é que o Aeroporto Aluizio Alves possa não ter a dimensão que dele se esperava: talvez seja  apenas mero substituto do atual, chantado em Parnamirim, o "Aeroporto Augusto Severo" que, por pressão do Comando da Aeronáutica, deixará de ter funções civis. Não fosse isso, possivelmente nem mais sairia do papel esse aeródromo que poderia ser o maior entroncamento da navegação aérea da America do Sul, como importância equiparável ao movimentadíssimo aeroporto de Frankfurt-am-Mein, da Alemanha. Afinal, se não temos grandes portos marítimos como os pernambucanos têm o Suape e os cearenses o seu Pecém, bem que seria justo os potiguares terem o grande  entreposto de cargas e passageiros do modal aéreo do Cone Sul, mesmo porque é o ponto mais próximo entre as Américas e a Europa e África. Por falta de um grito, para o poderoso Pernambuco perdemos o Arquipélago de Fernando de Noronha, território uti possidetis da nação potiguar desde quando teve início a colonização portuguesa há mais de quinhentos, ademais da sua proximidade geográfica com o RN. Por falta de mais um grito, mais uma vez para os pernambucanos perdemos a grande refinaria de petróleo desta região Nordeste. Agora, é de se esperar que, por incompetência de nossa elite político-administrativa,  não perca o Rio Grande do Norte o seu aeroporto continental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários críticos sem identificação não serão aceitos.