Por mais difícil que seja um final de governo – e todo final de governo só pode ser uma coisa muito desagradável – na realidade, nunca é tão difícil que não possa ser pior daqui a quatro anos.
Cada final de governo – seja no âmbito federal, na esfera estadual ou na municipal – tem deixado um conjunto de lições que, infelizmente, costuma passar despercebido.
Lições primárias, básicas, fundamentais que, praticamente, todo mundo sabe – ou que, pelo menos, todos deveriam saber. Contudo, invariavelmente, com as raríssimas exceções que confirmam a regra, todos agem como se delas nunca tivessem ouvido falar.
Eu não sei nem, qual delas é a mais importante. Mas, sem dúvida, uma das mais relevantes é a que ensina que não se deve gastar mais do que aquilo que se tem.
Vá dizer isso a quem está iniciando um mandato executivo. Normalmente, o sujeito não quer nem saber quanto tem, nem se tem. Começa a gastar logo na festa.
Outra coisa que também é básica. Por maior que seja o poder arrecadador do Município, do Estado ou da União, tudo o que ele conseguir arrecadar vai ser pouco para o suprimento de todas as necessidades sociais.
Ou seja: Cada tostão, cada centavo que entrar nos cofres públicos precisa, obrigatoriamente, ser valorizado, multiplicado pela correção, pelo rigor, pela austeridade com que deve ser utilizado.
Um erro gravíssimo que quem chega ao poder sempre comete, é olhar pra frente, dá um suspiro de exaltação à força e ao poder que, supostamente, tem (ou imagina que tem) e proclama com seus botões: “Quatro anos de força; quatro anos de poder” – como se fossem uma força e um poder absolutos e como se esses quatros anos (que não serão mais os quatro ao final do próprio pensamento) nunca fossem acabar.
Um dia – muito mais cedo do que se poderia esperar, os quatros anos se acabam. E aí é tarde. É absolutamente impossível recuperar em um mês ou dois o que se deixou de fazer nos quarenta e tantos que se passaram.
Quer dizer: estamos às vésperas de um novo governo. Não custa nada chamar a sua atenção para esta realidade. Tenho lido reiteradas declarações sobre as dificuldades que esperam a governadora eleita, Rosalba Ciarlini. Como se isso, pela prática politica que adotamos, fosse uma grande novidade. Queriam o que? Facilidades?
Ainda bem que, pela experiência que tem de começar e terminar governos, a governadora Rosalba Ciarlini deve estar vacinada contra essa doença mortal provocada pelo fausto do poder: o deslumbramento.
(*) Artigo que assino na edição desta quarta-feira do NOVO JORNAL.
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