domingo, 2 de janeiro de 2011

Artigo de João Faustino

Dona Noilde

João Faustino
(Prof. da UFRN)


Com muita tristeza recebi a noticia do falecimento da professora Noilde Ramalho. Sabia que, a convocação para uma nova vida haveria de vir. Mesmo com a imprevisibilidade de que se reveste a morte, jamais imaginaria que dona Noilde poderia partir no dia em que se comemora a vida, o nascimento, o início.

Talvez, Deus tenha escolhido essa data, 25 de dezembro, para que dona Noilde oferecesse aos norte-rio-grandenses mais um testemunho, além dos muitos que preencheram a sua vida. O seu cotidiano era repleto de testemunhos, pois sua missão sempre foi educar, mostrar caminhos, fazer da solidariedade a maneira simples de viver. Afinal, educar e ensinar é mostrar como é possível se mediar os desafios da vida.

O testemunho silencioso e supremo que nos legou foi exatamente este: o de mostrar que se pode nascer com a morte e que se pode iniciar uma nova vida quando nada mais se move no corpo frágil e vulnerável.

Visitei palácios, convivi com chefes de Estado, participei da intimidade do poder; estive com humildes e poderosos, porém, dificilmente, encontrei alguém que sintetizasse, com tanta perfeição, a naturalidade, a nobreza e a simplicidade.

Cerca ocasião, tive a oportunidade de homenageá-la, com um almoço, no Palácio do Planalto, onde exercia o cargo de secretário da Presidência da República.  Pensava, então, que era a vez de um palácio abrir suas portas para receber alguém que, durante tanto tempo, acolhera em sua Escola Doméstica, verdadeiro Palácio da Educação, chefes de Estado, ministros, governadores, embaixadores e presidentes.

Quantas e quantas vezes a Escola Doméstica, por ela dirigida, se engalanava e, num impecável ritual, exibia virtudes aprendidas que faziam brotar os gestos mais delicados do ser humano.

D. Noilde transmitia entusiasmo por tudo o que fazia, carinho e ternura no trato com as pessoas, segurança no falar e no agir.

A professora Noilde encheu de orgulho esta terra potiguar e perpetuou, com muita dignidade, a obra de Henrique Castriciano, consolidada pelo incansável trabalho de Varela Santiago. Ela tornou viva, feliz e plena a instituição educativa que honra e glorifica a nossa querida cidade do Natal, o nosso Nordeste, o nosso Brasil.

A Escola Doméstica continua educando, ensinando, construindo, olhando para o futuro, inspirada sempre no amor e na dedicação da professora que semeou a paz e a solidariedade como valores maiores do ser humano.

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