2014:
COMO JOGA O PMDB?
Paulo
Afonso Linhares
Desde
quando Aluízio Alves passou o bastão ao seu sucessor - o monsenhor Walfredo
Gurgel - no governo do Rio Grande do Norte, nos anos '60, jamais o grupo político que ele deu origem foi tão forte quanto na presente quadra da vida
institucional desta modesta província dos potiguares: Garibaldi Alves Filho, é senador da República licenciado para exercer o Ministério da Previdência Social, um dos mais prestigiados do governo Dilma;
Garibaldi Alves, pai, é senador da República ; o deputado federal Henrique Alves, depois de
eleito por onze legislaturas consecutivas chega com enorme prestígio à presidência da Câmara Federal e se torna o terceiro na vocação sucessória da presidência da República; Walter Alves, filho de Garibaldi
Alves Filho é deputado estadual. Correndo por fora (do PMDB, ao
menos) vão Agnelo Alves, igualmente deputado estadual, e seu
filho, Carlos Eduardo Alves, prefeito de Natal recentemente eleito que, por
enquanto, não "dançam o mesmo tango argentino" que os parentes
citados. Nesse grupo dissidente, ainda pode ser computado o deputado estadual
José
Dias que sempre compôs o grupo, até mesmo por ser cunhado de Garibaldi, pai, e de Agnelo,
porém
se encontra hoje matriculado ao PSD comandado, no solo potiguar, pelo
vice-governador Robson Faria, este que ensaia uma nova aliança com Wilma de Faria, desafeta política do ministro Garibaldi Filho, porém, fiel aliada da presidente Dilma neste
Estado.
É claro que, a despeito do radicalismo que dividiu a família Alves na recente eleição de Natal, nada obsta que possam
trabalhar uma recomposição com vistas a um projeto comum para 2014. Aliás, uma coisa já os une: todos seriam componentes da
chamada '"base aliada" que dá sustentação ao governo Dilma. Dificilmente a presidente Dilma
permitirá que seus aliados saiam "rachados" no Rio
Grande do Norte, pois fragilizaria sua própria candidatura à reeleição. Ademais, com as inafastáveis dificuldades por que passa o governo
Rosalba Ciarlini, de quem os Garibaldi, tanto o pai quanto o filho, além do deputado Henrique Alves, são aliados, aconselham doravante uma
distanciamento que pode transformar-se em iminente ruptura do PMDB com o DEM,
ficando cada qual para o seu lado: bacuraus de um e bicudos do outro, como
sempre ocorreu nos últimos cinquenta anos. E haveria, no mínimo, um equilíbrio aparente na fauna política da terra de Poti. Nove entre dez
analistas políticos do atual cenário, embora com variações meramente cosméticas, não discordam desta linha de análise.
A
dúvida
que remanesce é se efetivamente o nome mais forte dos Alves - Garibaldi Filho - vai encarar a disputa
para o governo do Estado, tendo a deputada federal Fatima Bezerra, do PT, como
candidata ao Senado Federal, uma chapa fortíssima e coroada com as benções da presidente Dilma e do condestável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, que promete empreender
cruzada para eleger os petistas e aliados nos diversos Estados em que se mostre
unida a "base aliada". O bom exemplo da (quase milagrosa) eleição de seu afilhado, Fernando Haddad, para
prefeito de São Paulo, em 2012, o credencia à empreitada eleitoral desse vulto,
sobretudo quando vislumbra um horizonte em que as oposições aparecem fragilizadas e desunidas.
Com
efeito, a única ameaça consistente ao projeto petista parece sair da própria base aliada: a do PSB de Eduardo
Campos que, embora faça um rapapé como candidato contra Dilma, pretende mesmo é emplacar, ao lado desta, a sua
candidatura como vice-presidente em 2014 e ser feito seu sucessor em 2018. Essa
turma pensa longe, sem dúvida alguma. Neste sentido, parece que não foi sem propósito que o PT abriu mão, para os peemedebistas, das presidências de ambas as Casas do Congresso: com
o PMDB bem aquinhoado, inclusive com vários ministérios importantes, é possível uma "arrumadinha" na chapa presidencial,
saindo Michel Temer para ceder o lugar
para o festejado governador de Pernambuco, Eduardo Campos. E não haverá assim tantas dificuldades pois Temer, que
sempre foi uma liderança de terceira linha no PMDB/SP, já está literalmente "rifado" a estas alturas.
Nesse cenário, não cabe jamais uma aliança como a que fizeram, no RN, o PMDB e o
DEM, este que, aliás, foi o grande beneficiário nos "casamentos" de 2006 e
2010, quando a ex-prefeita de Mossoró foi alçada, respectivamente, ao Senado Federal e ao Governo
do Estado, aumentando enormemente o cacife político do grupo liderado pelo senador Jose
Agripino, que também renovou seu mandato de senador nesse último pleito. O DEM renasceu quase das
cinzas, qual um fênix cabocla, graças ao PMDB, que nessas duas eleições ficou, no máximo, em seu próprio capital. Continuará a levar água para o moinho dos liderados do senador
Agripino, em 2014? Esperemos que jogo
fará
o PMDB.
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