quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Desgastada, por que?





Fiquei sabendo ontem, na leitura diária que faço da “Roda Viva” de Cassiano Arruda Câmara: A prefeita Micarla de Sousa contratou o Ipespe para ajudá-la a descobrir as razões do desgaste de sua administração. É um tardio, mas bom primeiro passo.

Ouço falar no desgaste de Micarla desde 2009.
E confesso: Isso me intrigava.
No começo, desconfiava que se tratava de “intriga da oposição”. Afinal, Micarla tinha saído das urnas de 2008, com a mais expressiva vitória que Natal já proporcionara a um prefeito. E mais: derrotando três estruturas – a da própria Prefeitura; a do governo estadual e a do governo federal.
E não somente essas três estruturas. Natal consagrou Micarla vitoriosa derrotando o próprio presidente Lula, o presidente melhor avaliado da história do Brasil. Quem não se lembra? Ele veio a Natal só pra pedir, quase pelo amor de Deus, que o povo não elegesse Micarla. A eleição dela – dizia o presidente – seria uma vitória para o seu maior adversário, o senador José Agripino.
Entretanto, naquela altura, o povo de Natal tinha feito da eleição de Micarla uma questão de honra. E as palavras e o apelo, quase patético, do presidente entraram por um ouvido e sairam pelo outro. Micarla se elegeu de forma consagradora, apoteótica.
Era com essa realidade na cabeça que ficava questionando a história do seu propalado do desgaste – repito, ainda em 2009. Mas, o tempo passou e a cantiga da perua continuava: Desgastada, desgastada, desgastada.
Quando foi na segunda-feira que se seguiu à festa da padroeira, Nossa Senhora da Apresentação, caminhando numa manhã chuvosa pelo Beco da Lama, ouvi, saindo de um dos seus botecos, conversa sobre a vaia que lhe deram ao ter sua palavra anunciada na hora da missa.
Foi a partir daí que não tive mais dúvida. Verdadeiramente, depois de tanto apanhar, a paciência do povo, a cada dia que passa, vai ficando com o pavio mais curto. Os mesmos que pegaram Micarla pelo braço – de forma confiante, decidida e determinada e lhe entregaram a Prefeitura contra tudo e contra todos, contra, até, o presidente Lula, lhe diziam então e hoje repetem: Você não está correspondendo à confiança que despertou em nossos corações.
Por que? Por que? Por que? A pergunta que não queria calar dentro de mim, hoje, parece ecoar também na consciência da Prefeita. Vamos esperar a resposta de Labareda.
Tem a ver com o aumento do IPTU? Pode ser. Tem a ver com ruas mal iluminadas nas periferias da cidade? Pode ser? Tem a ver com as filas nas unidades de saúde, a busca pelo remédio não encontrado, o professor que falta nas escolas? Pode ser.
Vamos ver que resposta a pesquisa vai nos oferecer.
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Este é o texto do meu artigo na edição desta quarta-feira do NOVO JORNAL.

Um comentário:

  1. na minha opinião, Paulo

    uma boa dministração municipal se faz com profissionais competentes em seu setores e que tenham compromisso com esse município, saibam que aí é sua casa e a dos seus; e, sobretudo, amem o burgo em que suas responsabilidades estão depositadas, transformando esperanças e anseios em realizações.

    não pode ser, nunca, um aparelhamento para suporte de novas conquistas eleitorais. Estas surgem do sucesso administrativo, jamais via satisfações empregatícias dos próximos.

    Natal é uma cidade que vota de maneira muito peculiar, e costuma dar lições a quem, consagrado, não soube zelar por essa especial regalia.

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