quinta-feira, 9 de junho de 2011

Artigo de Pedro Simões

Estratégias de manipulação da Opinião Pública

Pedro Simões


Recebi, da amiga Monara Bittecourt, uma postagem que explica, de modo racional e convincente, de que modo somos manipulados pelos veículos de formação de opinião, em favor de interesses contrários à sociedade. O texto é baseado em Chomsky, ninguém menos que Avram Noam Chomsky, lingüista, filósofo e ativista político americano, que se define como “socialista libertário”.
A matéria é devastadora, não apenas porque expõe as estratégias utilizadas  para manipulação da opinião pública, mas porque é incontroversa, já que é baseada em fatos e no raciocínio lógico, e não em especulações e factóides, como agora é moda.
Já me posicionei algumas vezes contra o chamado “jornalismo opinativo”, que nos retira a capacidade de formar a nossa própria crítica a respeito dos fatos. E agora, como os meus amigos e as minhas amigas do Fb vão comprovar, constata-se que esse viés serve a interesses espúrios, contrários aos da sociedade.
Em sucessivas análises dos meios de comunicação de massa, Chomsky elaborou, em parceria com Edward Herman , uma teoria que explica a manipulação midiática, hoje conhecida como “Teoria da Propaganda de Chomsky e Herman”. Ele é também conhecido por sua “Gramática Transformacional” que explica as propriedades matemáticas da linguagem.
Assegurada a credibilidade e desenvoltura intelectual do autor americano, vamos às suas conclusões. Segundo o analista, a manipulação da opinião pública se dá através da utilização de 10 estratégias, a saber:

1.      Estratégia da Distração - Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais,  atraída por temas sem importância real. Manter o público ocupado, sem nenhum tempo para pensar.
2.      Criar problemas e depois oferecer soluções - Se cria um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o suplicante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o requerente de leis de segurança e políticas, em prejuízo da liberdade.
3.      Estratégia da gradualidade - Para fazer que se aceite uma medida inadmissível, basta a aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, num prazo ampliado. Dessa forma, as novas condições impostas, as mudanças radicais são aceitas sem provocar revoltas.
4.      Estratégia do adiamento - Outra maneira de provocar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É más fácil aceitar um sacrificio  futuro que um sacrificio imediato.
5.      Dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade - A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonações particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental.  Por que? Porque dirigir-se a uma pessoa como se tivesse 12 anos ou menos, tenderá, por sugestão, a adotar respostas ou reações mais infantis e desprovidas de sentido crítico.
6.      Utilizar a emoção mais do que a reflexão - Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para provocar um curto-circuito na análise racional, e neutralizar o sentido critico dos indivíduos.  Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou  induzir a determinados comportamentos
7.      Manter o povo na ignorância e na mediocridade - Fazer com que o público seja incapaz de compreender a tecnologia e métodos utilizados para seu contrôle e  escravidão. A qualidade da  educação dada às classes sociais inferiores  deve ser a mais pobre e mediocre possivel, de forma que a distancia entre estas e as classes altas  permaneçam inalterada no tempo e seja impossivel alcançar uma autêntica igualdade de oportunidades para todos.
8.      Estimular o público a ser complacente com a mediocridade - Fazer crer ao povo que está na moda a vulgaridade, a incultura, o ser mal falado ou admirar personagens sem talento ou mérito algum, o desprezo ao intelectual, o exagero do culto ao corpo e a desvalorização do espírito de sacrifício e do esforço pessoal.
9.      Reforçar o sentimento de culpa pessoal - Fazer crer ao individuo que êle é o  único culpado de sua própria desgraça, por insuficiência de inteligência, de capacidade, de preparacão ou de esforço. Assim, em lugar de rebelar-se contra o sistema económico e social, o indivíduo se desvaloriza, se culpa, gerando em si mesmo um estado depressivo que inibe a sua capacidade de reagir.
10.  Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem - Nos últimos 50 anos, os avanços da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiologia e a psicologia aplicada, o Sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O Sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele se conhece. 

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