Desde o começo, tenho certa desconfiança quanto à postura política do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Certo dia, ainda vice-prefeito, tendo assumido, interinamente, o lugar do antigo titular, José Serra, Kassab partiu pra porrada sobre um contribuinte pobre, que, em voz alta, o abordou na rua, reclamando de alguma coisa.
Deu em todas as televisões e saiu em todos os jornais. A única dúvida que tenho é se, na verdade, ela estava "prefeito interino" ou se tinha acabado de assumir, definitivamente, em lugar do Serra, que saíra para se desincompatiblizar.
- Esse cara só pode ser maluco - imaginei na época.
Depois, mais recentemente, conquistada, em definitivo, a Prefeitura em 2008, começou a buscar uma desculpa para pular do barco do PFL.
Antes, tinha "impombado" com o nome do partido (PFL) e os caciques nem discutiram. Afinal, estavam lidando com o poderoso prefeito da maior capital da América Latina. Mataram o PFL e fizeram nascer o DEM.
Logo em seguida, Kassab arranja outro pretexto. Não suportava o então presidente do partido.
Rodrigo Maia, deputado federal pelo RJ, filho do ex-prefeito do Rio, César Maia.
Mais uma vez, os caciques do DEM, tal como fizeram no tempo de PFL, abriram as pernas e se renderam.
- Não é problema. Seu desejo é uma ordem nessa casa de mãe Joana.
E seguraram o Kassab, prometendo mandar o deputado Maia às favas.
A essa altura, Kassab já tinha um plano B: Precisava de um partido em que só ele mandasse.
Mas, não podia correr riscos. Procurou o governador de PE e presidente do PSB, Eduardo Campos.
Combinou: preciso sair do DEM sem correr o risco de perder o mandato. Para isso, tenho que fundar outro partido; o PSD. Em seguida, abrimos um processo de negociação para uma fusão, e ficaremos todos juntos no PSB.
Pelo que contaram os jornais da época, Eduardo Campos acreditou e deu sinal verde.
E Kassab começou a arrebanhar adeptos pelo Brasil afora.
- Nosso partido não será de direita, nem de esquerda, nem de centro - proclamava com o objetivo de oferecer a políticos do seu naipe o leque mais aberto possível.
- Será um partido a favor. Nunca contra. A favor de Dilma; e a favor de Alckmin.
Pra quem perguntava "e isso dá certo?" respondia: Tem que dar. Mesmo que o PSD não prospere, o PSB nos acolherá.
Nesse meio termo, ainda no DEM, cobrou: Cadê a substituição do presidente?
E os caciques responderam: Estamos procurando um nome consensual.
E ele: "Olhe lá. Não vou aceitar qualquer um". E indicou o nome de outro Maia, pensando que os caciques não aceitariam: José Agripino Maia, senador pelo RN.
Mas, Agripino aceitou e começou um trabalho de consolidação do seu nome.
Quando estava terminando, volta o Kassab e dá última forma: Agripino não me serve mais. O nome agora é Marco Maciel (ex-senador por Pernambuco).
Só aí, o pessoal do DEM percebeu: Esse cara ou é um maluco ou se está achando um espertalhão. E, enfim, lhe deram adeus. Vá em frente em companheiro.
E o Kassab partiu para o PSD. No começo, despertou tanto interesse que, até ele próprio, ficou surpreso.
Jogou pra escanteio a possibilidade de fusão que havia acertado com Eduardo Campos. "Nosso partido será o terceiro ou o quarto do congresso" - imaginava.
Agora, parece que está caindo na real. Levar adiante a aventura do PSD está ficando muito mais complicado do que ele e alguns outros poderiam imaginar.
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