Vazamento de óleo e
as praias do litoral pernambucano?
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco
O título deste artigo pode parecer mau agouro, anúncio precipitado,
previsão pessimista, seja lá como se pode interpretar. Todavia temos
assistido, com certa recorrência, anúncios de vazamento de óleo no
mar, e os impactos desses acidentes na costa do país, que nos levam a
imaginar a possibilidade de semelhantes desastres ocorrerem no litoral
pernambucano.
Isto porque o complexo industrial portuário de Suape abriga e planeja
para futuro próximo, um conjunto de instalações industriais poluidoras
e de alto risco, que aumentará assim substancialmente a probabilidade
de ocorrências de desastres com vazamentos e, derramamentos de
petróleo e derivados. São classificadas como indústrias sujas,
estaleiros navais (dois planejados e dois já em funcionamento),
termelétrica a gás natural (já em funcionamento) e a óleo combustível
(Termelétricas Suape II e Suape III), a Refinaria de Abreu e Lima, que
terá sua própria termelétrica, e o projeto do parque de tancagem para
armazenar 200.000 toneladas de óleo combustível para atender a
anunciada maior termelétrica do mundo, Suape III.
Não se pode continuar fingindo não saber que o uso de combustíveis
fósseis (gás natural e petróleo/derivados) na geração elétrica e em
outras atividades, da produção ao transporte, é a principal causa do
aquecimento global, com conseqüências diretas nas mudanças climáticas
e assim na intensificação de fenômenos como inundações, estiagens,
extinção de espécies, entre outros. Logo, consumir derivados de
petróleo significa devolver para a atmosfera, sob a forma de gases e
particulados, uma massa enorme de carbono e outros elementos como
enxofre e nitrogênio, que foram retirados desse meio há milhões de
anos. Essa massa de petróleo consumida no mundo (em torno de 100
milhões de barris/dia) e gás (aproximadamente 15 bilhões de m3/dia) é
quase toda queimada, transformada basicamente em gás carbônico. É uma
massa de carbono sem precedentes na história, jogado artificialmente
na atmosfera, constituindo-se em um dos fatores de agressão à natureza
promovida pela indústria do Petróleo. As agressões ocorrem em todas as
etapas dessa indústria.
Segundo estudo realizado pela Academia de Ciências dos Estados Unidas
(USA) as atividades navais são responsáveis por 33% dos vazamentos de
petróleo no ambiente marino, acidentes com petroleiros 12%, nas
instalações terrestres e descargas urbanas 37%, e outras atividades
18%.
Em particular, quando o petróleo chega em uma refinaria se inicia uma
nova etapa que se caracteriza por elevados riscos à saúde e de
agressão à natureza: a indústria do refino é das mais intensivas na
utilização de dois insumos caros à humanidade: água e energia. E a
água que utiliza, ao menos no Brasil, ainda é descartada contendo
grande quantidade de óleo, além de outras matérias orgânicas e metais.
Por serem grandes consumidoras de energia, e em geral serem
auto-suficientes neste insumo, as refinarias são grandes consumidoras
de petróleo e seus derivados, constituindo-se, portanto, em grande
agressora da atmosfera.
Todo o receio de um desastre com derramamento de petróleo e derivados
em Suape é justificável. E o alerta é necessário visto que tal
acidente afetaria o ecossistema marítimo, colocando em xeque o futuro
de comunidades costeiras onde milhares de famílias vivem da pesca,
além de afetar as atividades econômicas do turismo na região. Há menos
de10 km do balneário de Porto de Galinhas e de outras lindas praias
do litoral Sul, um vazamento de óleo poderia afetar drasticamente toda
aquela região.
Daí urge repensarmos este projeto de crescimento predatório em curso
no Estado, e discutirmos democraticamente alternativas que utilizem
fontes de energia, menos agressoras ao meio ambiente e a saúde
publica, e como resolver os problemas básicos que efetivamente afetam
aquelas populações como: educação, saúde, transporte, saneamento,
moradia, segurança, entre outros.
previsão pessimista, seja lá como se pode interpretar. Todavia temos
assistido, com certa recorrência, anúncios de vazamento de óleo no
mar, e os impactos desses acidentes na costa do país, que nos levam a
imaginar a possibilidade de semelhantes desastres ocorrerem no litoral
pernambucano.
Isto porque o complexo industrial portuário de Suape abriga e planeja
para futuro próximo, um conjunto de instalações industriais poluidoras
e de alto risco, que aumentará assim substancialmente a probabilidade
de ocorrências de desastres com vazamentos e, derramamentos de
petróleo e derivados. São classificadas como indústrias sujas,
estaleiros navais (dois planejados e dois já em funcionamento),
termelétrica a gás natural (já em funcionamento) e a óleo combustível
(Termelétricas Suape II e Suape III), a Refinaria de Abreu e Lima, que
terá sua própria termelétrica, e o projeto do parque de tancagem para
armazenar 200.000 toneladas de óleo combustível para atender a
anunciada maior termelétrica do mundo, Suape III.
Não se pode continuar fingindo não saber que o uso de combustíveis
fósseis (gás natural e petróleo/derivados) na geração elétrica e em
outras atividades, da produção ao transporte, é a principal causa do
aquecimento global, com conseqüências diretas nas mudanças climáticas
e assim na intensificação de fenômenos como inundações, estiagens,
extinção de espécies, entre outros. Logo, consumir derivados de
petróleo significa devolver para a atmosfera, sob a forma de gases e
particulados, uma massa enorme de carbono e outros elementos como
enxofre e nitrogênio, que foram retirados desse meio há milhões de
anos. Essa massa de petróleo consumida no mundo (em torno de 100
milhões de barris/dia) e gás (aproximadamente 15 bilhões de m3/dia) é
quase toda queimada, transformada basicamente em gás carbônico. É uma
massa de carbono sem precedentes na história, jogado artificialmente
na atmosfera, constituindo-se em um dos fatores de agressão à natureza
promovida pela indústria do Petróleo. As agressões ocorrem em todas as
etapas dessa indústria.
Segundo estudo realizado pela Academia de Ciências dos Estados Unidas
(USA) as atividades navais são responsáveis por 33% dos vazamentos de
petróleo no ambiente marino, acidentes com petroleiros 12%, nas
instalações terrestres e descargas urbanas 37%, e outras atividades
18%.
Em particular, quando o petróleo chega em uma refinaria se inicia uma
nova etapa que se caracteriza por elevados riscos à saúde e de
agressão à natureza: a indústria do refino é das mais intensivas na
utilização de dois insumos caros à humanidade: água e energia. E a
água que utiliza, ao menos no Brasil, ainda é descartada contendo
grande quantidade de óleo, além de outras matérias orgânicas e metais.
Por serem grandes consumidoras de energia, e em geral serem
auto-suficientes neste insumo, as refinarias são grandes consumidoras
de petróleo e seus derivados, constituindo-se, portanto, em grande
agressora da atmosfera.
Todo o receio de um desastre com derramamento de petróleo e derivados
em Suape é justificável. E o alerta é necessário visto que tal
acidente afetaria o ecossistema marítimo, colocando em xeque o futuro
de comunidades costeiras onde milhares de famílias vivem da pesca,
além de afetar as atividades econômicas do turismo na região. Há menos
de
do litoral Sul, um vazamento de óleo poderia afetar drasticamente toda
aquela região.
Daí urge repensarmos este projeto de crescimento predatório em curso
no Estado, e discutirmos democraticamente alternativas que utilizem
fontes de energia, menos agressoras ao meio ambiente e a saúde
publica, e como resolver os problemas básicos que efetivamente afetam
aquelas populações como: educação, saúde, transporte, saneamento,
moradia, segurança, entre outros.
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