sábado, 18 de fevereiro de 2012

Artigo de Paulo Tarcísio Neto

Criança saudável é criança que cresce



            De certa maneira, tal concepção é presente no inconsciente coletivo: criança saudável é criança gordinha. As coisas, na medicina, não são bem assim, aliás longe disso: aquelas “dobrinhas” que as avós adoram são uma bomba-relógio prestes a explodir em alguns anos. São as primeiras sementes de muitas doenças futuras.
            No entanto, não podemos cair no extremismo de querer que as crianças sejam magrinhas como as modelos. Como tudo na vida, existe um “caminho do meio”, um equilíbrio que devemos seguir. O que não se pode perder de vista num exame pediátrico é que criança saudável é criança que cresce.
            Trata-se de um marcador fundamental no acompanhamento de qualquer criança. Do mesmo jeito que quando uma pessoa tem febre é muito provável que ela tenha uma infecção, se uma criança não cresce da maneira como se esperava, é bem provável que exista algo errado.
            Daí ser tão fundamental visitas regulares ao pediatra ou ao médico da família. Se você me perguntasse se seu filho de quatro anos e um metro de altura é ou não saudável eu responderia que não sei. Como ele estava há um mês ? Como ele estava há seis meses? É necessário um seguimento rotineiro para que se possa tirar alguma conclusão.
            A importância disso é que muitas doenças podem ser precocemente diagnosticadas e, portanto, precocemente tratadas e curadas, podendo-se evitar que aquela criança leve seqüelas para toda a vida. Se um adulto tem febre, inicio uma investigação para descobrir qual o foco daquela provável infecção; se uma criança não cresce, o pediatra ou médico da família logo se pergunta: o que está errado? Iniciando uma investigação que perpassa desde os aspectos alimentares até possíveis doenças físicas e sociais.
            Logicamente, como tudo em medicina, há exceções a essa regra que só um pediatra ou médico da família podem identificar. Cada criança tem o que se chama de um “canal de crescimento” que é aquilo que ela pode crescer se tudo correr bem na sua infância. O papel dos pais, com o auxílio dos profissionais de saúde, é garantir que a criança desenvolva o máximo de seu potencial nessa vida, física, psíquica e moralmente.  

Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN

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