sábado, 30 de junho de 2012

Artigo de Paulo Tarcísio Neto


Por que não posso usar 
antibióticos quando quero?

Paulo Tarcísio Neto 
Medicina/UFRN
paulo.tarcisio.na@gmail.com               

                 A proibição da venda livre de antibióticos nas farmácias pelo Governo Federal foi uma das decisões mais importantes recentemente tomadas no que diz respeito à saúde da população. Embora, a curto prazo, possa parecer muito mais um inconveniente que uma solução, certamente terá grande impacto a médio e longo prazo em mortes que NÃO acontecerão pelos superresistência bacteriana.
                O estopim para que tal medida deixasse de ser uma idéia vaga ou uma pulga atrás da orelha do Ministério da Saúde certamente foi o surgimento do caso de bactérias superresistentes.
                Antes de tudo, temos que tirar da cabeça que as bactérias são necessariamente “coisa ruim”. Ao contrário disso: graças às bactérias que vivem no nosso corpo (e temos cerca de 10 vezes mais bactérias que células humanas em nosso corpo) NÃO temos muitas doenças. O problema é quando elas se tornam muito poderosas ou muito numerosas por algum motivo e nos atacam ao invés de nos ajudarem. É um fino equilíbrio entre nosso organismo e nossa flora bacteriana.
                O problema é que quando tomamos antibióticos em dose baixa é que ensinamos às bactérias que habitam em nosso corpo a como se defender desse antibiótico. E se fazemos isso repetidamente (tomando dois comprimidos de “tetrex” pra qualquer dor de garganta ou febre que sentir), chegará uma hora que esse ou qualquer outro antibiótico se tornará ineficaz no meu corpo e precisarei de antibióticos cada vez mais fortes para combater minha infecção até que... não haja nenhum forte o suficiente e a bactéria acaba “vencendo a guerra”.
                Outro erro típico é não tomar todo o antibiótico prescrito. Se o médico passa amoxicilina por 14 dias pra uma sinusite com febre ou para uma pneumonia, por exemplo, espera que por volta do 3º ou 4º dia o seu paciente já tenha melhorado da dor de cabeça ou da tosse, mas isso não significa que o paciente está bom! Mas apenas que o inimigo está “enfraquecido”; se você parar de tomar o antibiótico antes do fim do tratamento, o que acontecerá? Ele voltará mais forte do que nunca e você estará produzindo em seu corpo bactérias superresistentes.
                Assim, tenha um médico de confiança. Acredite em sua palavra. Realize o tratamento completo conforme ele lhe receitar pois, certamente, isso é para o seu bem! Foi uma decisão importante para o bem do povo e uma grande vitória contra as indústrias farmacêuticas a venda sob receita de medicamentos. Façamos nossa parte!

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