domingo, 20 de janeiro de 2013

Artigo de Paulo Afonso Linhares


O NÓ DE HENRIQUE

Paulo Afonso Linhares 

Para o bem ou para o mal, do deputado Henrique Alves pode dizer muita coisa, menos que ele não suportou uma longa e cerimoniosa espera de quarenta e dois anos para chegar à presidência da Câmara dos Deputados. Com onze legislaturas consecutivas, o deputado Henrique Alves igualou-se àquele que é considerado como a maior liderança PMDB de todos os tempos, o deputado Ulisses Guimarães. Todavia, ambos não foram os que mais tiveram mandados consecutivos de deputado federal, recorde que pertence ao deputado Manoel Novaes, da Bahia, que ficou na Câmara dos Deputados de 1933 a 1982, ou seja, que passou a ser detentor de 12 legislaturas ininterruptas. 

Desse lugar privilegiado que é a Câmara dos Deputados, Henrique Alves se constitui numa poderosa enciclopédia da crônica política brasileira. Há muito que se prega a sua mudança para outros espaços. No “fringir dos ovos” ele sempre manteve o mandato de deputado federal e considera a Câmara dos Deputados a sua própria casa. E não seria para menos, pois nessas quatro décadas teve um longo aprendizado nessa arte difícil da convivência de contrários, nesse jogo de dissimulações que somente é possível naqueles ambientes marcados pela pluralidade. Inegável que o deputado Henrique Alves é, atualmente, um dos maiores quadros políticos do país.  No meio parlamentar essas figuras são extremamente úteis porque naturalmente se transformam naquelas pontes que, nos momentos difíceis, pairam por sobre a barbárie e as incompreensões. 
No seu projeto de tornar-se presidente da Casa que ocupa há mais de quatro décadas, tem sido bem sucedido e o preferido das grandes bancadas parlamentares, sobretudo, no campo da heterogênea base de apoio da presidente Dilma Rousseff que, sem tirar nem pôr, é a madrinha por excelência da candidatura Henrique. De princípio, viajava em céu de brigadeiro, sem opositor ao menos para concorrer. O vento, todavia, mudou de direção e eis que vários deputados e deputadas, inclusive do próprio partido a que ele pertence, o combalido PMDB. Com alguma exceção, essas candidaturas não podem ser consideradas como algo sério e serão atropeladas pela aliança PT-PMDB. 
A revista Veja, no seu propósito de atirar pesadamente em tudo que se refere ao PT e a Lula. Desta feita traz à luz uma série de fatos que incriminariam o deputado potiguar. Claro, o seu objetivo não é outro senão torpedear a candidatura do deputado federal Henrique Eduardo Alves à presidência da Câmara. A toda evidência, as denúncias apregoadas pela Veja tendem a cair no vazio e não produzirão maiores danos para a candidatura do parlamentar norte-rio-grandense, nem influirão no resultado no próximo 4 de fevereiro. De tanto vociferar, a Veja amarga atualmente um enorme déficite de credibilidade, praga que sempre roda as redações dos veículos que se dedicam à prática do “jornalismo desejoso”, para lembrar a frase cunhada, salvo o engano, pelo jornalista potiguar Nilo Santos.

 Outro aspecto relevante é o preconceito que as grandes mídias acumulam em relação ao pequeno e pouco expressivo Rio Grande do Norte, o Estado do deputado Henrique Alves. Fosse ele da poderosíssima bancada de São Paulo ou de Minas Gerais, certamente teria menos obstáculos a transpor. Para nós, nascidos nesta terra de Poti, talvez seja melhor conseguir assim, pelo método mais difícil, a conquista desse espaço tão significativo que é a presidência da Câmara dos Deputados por um biênio. Chegaremos lá, com Henrique na cabeça.

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