O discurso de Obama
João Faustino – Professor da UFRN
Cumprindo um ritual democrático, o presidente dos Estados Unidos compareceu, na semana passada, ao Congresso Nacional para falar aos seus compatriotas em uma solenidade anual denominada “Estado da União”.
A mídia internacional deu ampla divulgação ao bem elaborado discurso do presidente Obama. Não pretendemos, neste espaço, fazer uma análise da fala presidencial, deixamos essa tarefa para os cientistas políticos; o nosso foco recai sobre o destaque dado ao tema da educação que, aliás, representa o centro das minhas ações e reflexões.
Ao nosso ver, o ponto mais importante da fala presidencial foi quando, ao lembrar o efeito Sputnik, discorreu sobre a necessidade urgente da retomada da competência hegemônica no campo científico e tecnológico. Com muita ênfase, mostrou que essa construção (espírito-científico) se faz na base, pela via da educação, e, para tanto, convocou pais e professores para, no lar e na escola, desenvolverem a disciplina e o talento das crianças e dos jovens da América.
A propósito, lembro-me de ter lido, há algum tempo, um relatório sobre o impacto causado na população americana no momento em que os russos enviaram a primeira nave ao espaço. E não era para menos. O lançamento do Sputinik projetou a então União Soviética, na época, para a posição de líder da corrida espacial. O fato mexeu com o orgulho da nação norte-americana que, de imediato, passou a reavaliar e a reformular o seu sistema educacional, por acreditar que estava perdendo, para a potência rival, a corrida espacial. Isto porque as suas escolas não estavam formando e desenvolvendo nas crianças uma aprendizagem eficiente de base científica. Então, uma reunião dos melhores educadores e cientistas do país foi convocada e realizada em Cap Cod , Long Island, para apresentar propostas que promovessem uma imediata reforma do ensino em todas as escolas do país.
Não costumo fazer análises comparativas entre povos, cada um tem suas culturas e filosofias de vida. No entanto, não podemos fugir à contingência histórica de estarmos inseridos em um mundo globalizado, onde a consciência de um destino comum da humanidade nunca esteve tão evidenciada.
Volto a insistir na necessidade de um amplo entendimento, especialmente no Rio Grande do Norte, em torno do nosso sistema educacional, cujas falhas penalizam nossas crianças e nossos jovens de uma forma desumana e perversa.
Proponho que o ponto de partida para enfrentar a falência das nossas escolas públicas, inclua necessariamente: Primeiro, fazer do magistério uma carreira de Estado, capacitando e remunerando bem os nossos eficientes professores; dois: criar escolas de tempo integral, bem equipadas e comprometidas em ensinar através da linguagem e do raciocínio lógico-matemático; terceiro: Inserir a escola em área geográfica comum, onde alunos, professores e famílias se constituam num núcleo homogêneo marcado pelo grande objetivo de educar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários críticos sem identificação não serão aceitos.