quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Artigo de João Faustino

O discurso de Obama
João Faustino – Professor da UFRN



Cumprindo um ritual democrático, o presidente dos Estados Unidos compareceu, na semana passada, ao Congresso Nacional para falar aos seus compatriotas em uma solenidade anual denominada “Estado da União”.
A mídia internacional deu ampla divulgação ao bem elaborado discurso do presidente Obama. Não pretendemos, neste espaço, fazer uma análise da fala presidencial, deixamos essa tarefa para os cientistas políticos; o nosso foco recai sobre o destaque dado ao tema da educação que, aliás, representa o centro das minhas ações e reflexões.
Ao nosso ver,  o ponto mais importante da fala presidencial foi quando, ao lembrar o efeito Sputnik, discorreu sobre a necessidade urgente da retomada da competência hegemônica no campo científico e tecnológico. Com muita ênfase, mostrou que essa construção (espírito-científico) se faz na base, pela via da educação, e, para tanto, convocou pais e professores para, no lar e na escola, desenvolverem a disciplina e o talento das crianças e dos jovens da América.
A propósito, lembro-me de ter lido, há algum tempo, um relatório sobre o impacto causado na população americana no momento em que os russos enviaram a primeira nave ao espaço. E não era para menos. O lançamento do Sputinik projetou a então União Soviética, na época, para a posição de líder da corrida espacial. O fato mexeu com o orgulho da nação norte-americana que, de imediato, passou a reavaliar e a reformular o seu sistema educacional, por acreditar que estava perdendo, para a potência rival, a corrida espacial. Isto porque as suas escolas não estavam formando e desenvolvendo nas crianças uma aprendizagem eficiente de base científica. Então, uma reunião dos melhores educadores e cientistas do país foi convocada e realizada em Cap Cod, Long Island, para apresentar propostas que promovessem uma imediata reforma do ensino em todas as escolas do país.
Não costumo fazer análises comparativas entre povos, cada um tem suas culturas e filosofias de vida. No entanto, não podemos fugir à contingência histórica de estarmos inseridos em um mundo globalizado, onde a consciência de um destino comum da humanidade nunca esteve tão evidenciada.
Volto a insistir na necessidade de um amplo entendimento, especialmente no Rio Grande do Norte, em torno do nosso sistema educacional, cujas falhas penalizam nossas crianças e nossos jovens de uma forma desumana e perversa.
Proponho que o ponto de partida para enfrentar a falência das nossas escolas públicas, inclua necessariamente: Primeiro, fazer do magistério uma carreira de Estado, capacitando e remunerando bem os nossos eficientes professores; dois: criar escolas de tempo integral, bem equipadas e comprometidas em ensinar através da linguagem e do raciocínio lógico-matemático; terceiro: Inserir a escola em área geográfica comum, onde alunos, professores e famílias se constituam num núcleo homogêneo marcado pelo grande objetivo de educar.

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