Volto a me valer do pensamento do líder brasileiro que considero um dos apóstolos da luta pela liberdade de expressão - o jornalista e ex-governador do antigo Estado da Guanabara já falecido, Carlos Lacerda.
Em 15 de outubro de 1961, a convite de exilados cubanos, abordou a questão "esquerda e direita". Transcrevo a seguir, parte de sua fala. Mais precisamente, cinco parágrafos:
"Não basta arengar contra o capitalismo para ser de esquerda, como não basta deblaterar contra a liberdade para estar classificado na direita.
Tudo isso são classificações superadas, diante das quais urge colocar o problema em termos simples e claros: são democratas todos aqueles que lutam pelos direitos do homem e totalitários os que suprimem e esmagam tais direitos. São democratas os que sustentam a liberdade com responsabilidade. Totalitários os que irresponsavelmente usam a liberdade para suprimi-la.
São progressistas os que lutam pela paz com liberdade e retrógrados os que ainda julgam possível implantar a paz no mundo com a supressão da liberdade.
São progressistas os que pretendem a reforma que é a revolução democrática; antiprogressistas os que querem a revolução, que é a reforma totalitária. Contra esta é preciso afirmar no mundo a necessidade da contra-revolução para implantar a democracia e para implantar não a falsa legalidade do formalismo jurídico, mas a legitimidade do consenso popular, sem a qual nenhuma lei é moralmente justa e todo legalismo é uma imposição da força e do sofisma sobre o direito e a lógica.
Vim declarar-vos que muitos como eu sabemos, por toda parte, que da vossa vitória dependem a paz e a liberdade em todo o continente americano, e em larga medida, a paz e a liberdade no mundo".