quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Artigo de Monara Bittencourt de Amorim

A luta do lícito a caminho da saúde

    Como farmacologista e professora universitária, observo que mudarmos hábitos alimentares, farmacológicos ou até  em nossos estilos de vida é muito complicado, beirando até, com convicta afirmação... Impossível.
     Existem no mercado farmacológico brasileiro e mundial, medicamentos utilizados no intuito de combater a obesidade, são conhecidos como os anorexígenos.
Estes fármacos além de travarem uma luta contra o excesso de peso tratam também outros distúrbios metabólicos, como exemplo, a diabetes e em alguns casos a obesidade mórbida.
    Há poucos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, que regulamenta a venda destes medicamentos para emagrecer, anunciou a possível idéia da não comercialização destes fármacos em nosso país.
    Os anorexígenos, de uma forma mais simples, agem no Sistema Nervoso Central, bloqueando o centro da fome, levando à diminuição ou a total saciedade.
    Com o uso destes medicamentos, ocorrem efeitos colaterais terríveis, que poucos pacientes, no intuito da perda de peso rápida, nem lembram que existam ou pior, tão pouco se importam.
Em busca do corpo perfeito, há os que usam de forma errônea e sem sacrifícios o poder destes medicamentos fabricados licitamente pelas indústrias farmacêuticas.
     No Brasil, cerca de 40 milhões de habitantes estão acima do peso ideal. São vários os fatores que levam a este estado fisiológico. O aumento do peso pode ser por excesso de alimentação, alterações hormonais, desequilíbrios de substâncias neurocerebrais, stress, resistência à insulina, falta de exercícios físicos e inúmeros outros fatores clínicos.
    Retirar do mercado farmacêutico brasileiro, um medicamento legalizado e prescrito por médicos endocrinologistas é ferir um direito do cidadão, que por alguma doença metabólica não consegue perder o excesso do seu peso, gerando com isso patologias que podem levar a sua morte.
    Ter a ilusão que os médicos possam fazer “milagres”, somente com alternativas como dietas nutricionais, exercícios físicos e mudanças em hábitos alimentares dos seus pacientes é uma utopia para quem reconhece o real sentido desta epidemia, chamada obesidade.
    Retirar medicamentos que melhoram a qualidade de vida destes pacientes obesos é um retrocesso inimaginável, comparado a se retirar do mercado farmacológico, os antiinflamatórios que combatem a dor e o processo inflamatório e que, podem causar vícios e até matar se tomados em excesso.
    É necessário um consenso urgente!
    A população que depende e necessita deste tipo de medicamento para seu tratamento, não pode ser subjugada a fatores que são definidos com base só na sua forma errônea de comercialização ou no seu uso indiscriminado.
    A venda e a comercialização ilegal destes anorexígenos é uma situação real.
    Toda ação governamental que venha a dar segurança ao cidadão brasileiro é bem vinda. Combater a venda ilícita destes fármacos é de fundamental importância, talvez a cerne real desta resolução fadada ao insucesso.
    Retirar os anorexígenos do mercado lícito é jogá-lo no ilícito.
É desacreditar toda uma classe médica, subjugar tratamentos sérios, corretos e pior,
jogar anos de pesquisas no combate à obesidade  no vácuo da incerteza.
    Não devemos nos iludir, a epidemia da obesidade, esteará uma nova classe de pessoas viciadas, agora de forma ilícita nos anorexígenos.
    Não devemos esquecer que a lei maior e soberana no nosso país ainda é a constituição federal. Defender um direito adquirido é nosso dever.
    Utilize-se disso e lute pelo direito que já foi concedido à população.
    As escolhas cabem a nós.
    Proibir a venda de medicamentos lícitos, que salvam vidas é de certa forma um descredenciamento de uma sociedade evoluída, porém que não sabe ainda, lidar com a comercialização indevida.
    Deve-se repensar esta conduta da ANVISA.
    Na luta pela saúde, o conhecimento é tudo.

3 comentários:

  1. 'Defender um direito adquirido é nosso dever'! Artigo maravilhoso profª! Parabéns!

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  2. Realmente, só quem sofre da obesidade sabe quanto é dificil de perder peso, e ter uma boa saúde, o médico prescreve porque existe a necessidade. espero que nosso direito seja respeitado.

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  3. Infelismente, no Brasil, ao invés de soluções concretas, os governantes ainda recorrem àquele tal "jeitinho brasileiro", que quase sempre não é o mais adequado .

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