Aparências, nada mais
Os últimos episódios no âmbito do governo estadual do RN demonstraram, com muita clareza, que o dia-a-dia da prática política tem muito mais de aparência do que de realidade.
Mais do que isso. Projetaram uma lição básica deixada por vários mestres da arte de governar: Não se deve nomear secretário que não se possa demitir.
O choque é inevitável. Principalmente quando os protagonistas colocam seus respectivos projetos, seus objetivos pessoais, acima dos deveres e de suas responsabilidades perante o interesse público e o bem comum.
Pelo que disse o vice-governador Robinson Faria, ele se sentiu usado, humilhado e descartado pela governadora Rosalba Ciarlini. E, esperou 10 meses, por uma mudança de tratamento que resultasse não apenas numa relação mais digna, pelo menos mais adequada à sua posição institucional.
Robinson foi a detalhes para explicitar a explosão de sua paciência: 1) Secretário de Recursos Hídricos, viu a governadora ir a Brasília, quatro ou cinco vezes, com agenda relativa à sua pasta, sem convidá-lo a compartilhar dessa responsabilidade. E, 2 (para citar apenas as duas situações que ele próprio mais projetou): Os correligionários a quem convidava para acompanhá-lo na filiação ao PSD, eram abordados com a orientação de que poderiam escolher qualquer outro partido – até de oposição – contanto que não fosse a nova legenda, onde seriam tratados como adversários.
Apesar disso, porém, o vice-governador se agarrava à Secretaria de Recursos Hídricos como se tudo estivesse às mil maravilhas. Só decidiu larga-la, quando a própria governadora, numa atitude que ainda não explicou, se recusou a renomeá-lo para função. Do contrário, lá continuaria e, ao que tudo indica, a cada viagem que tivesse de fazer, a dra Rosalba sempre seria recebida com flores ao regressar. Pelo menos nas viagens mais longas, como essa mais recente, aos Estados Unidos.
Ou seja: de um lado e do outro, um baita jogo de cena, de faz de conta, de aparências, incompatível com a postura republicana exigível de agentes públicos pela boa prática democrática.
De qualquer forma, é muito cedo para uma avaliação das conseqüências desses momentos de choque político. Notadamente, para quem procura identificar no episódio perdas e ganhos no terreno político. Tenho pra mim, como sempre acontece na política, que, no fim, todos escaparão.
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