sábado, 5 de maio de 2012

Artigo de Paulo Tarcísio Neto

Não tenho tempo pra isso

Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN
paulo_tarcisio@hotmail.com

Fundamental para o desenvolvimento de uma boa saúde é o bom
relacionamento com nosso tempo. Nossa sociedade criou um terrível mito que paira no inconsciente coletivo de nossa população e que todos tomam como verdade absoluta sem nem pensar direito: “Não tenho tempo para nada.” 

Se você perguntar a um jovem de 15 anos, em pleno
colegial, é muito provável que ele lhe dirá que “não tem tempo” para fazer isso ou aquilo. Isso se repete com os universitários,
trabalhadores comuns e pessoas em todas as faixas etárias. Em breve,as crianças também dirão que não tem tempo e quem sabe até nascerão antes dos 9 meses porque ninguém tem tempo a perder...
É um dos grandes mitos que atormentam os homens de nosso momento
histórico e livrar-se dele é importante passo para que se desenvolva
uma boa saúde. Um dia você encontrará uma pessoa que costuma trabalhar
o dobro do que você trabalha e ter a metade de seu cansaço. Por quê?
Assim como o tempo, estar cansado ou não é um conceito relativo e não
há máxima maior que a de que o tempo – assim como o dinheiro e a
disposição – é questão de prioridade.
Uma boa dica de como organizar melhor o nosso tempo é sempre anotar
num caderninho todas as nossas obrigações. Não confie na sua mente,
pois ela vai te trair. Em seguida, divida tudo o que você tem de fazer
entre coisas urgentes, importantes e circunstanciais.
As coisas circunstanciais devem ocupar no máximo 5% de nosso tempo e
são reservadas para o aniversário de nossa mãe, alguém que sofreu um
acidente etc. Cuidado para não viver procurando pretextos
“circunstanciais” que acabam consumindo todo o nosso tempo
inconscientemente.
Em seguida, dividamos nossas obrigações entre as urgentes e as
importantes. Aquilo que é urgente precisa ser feito hoje, ou pra
ontem. Em geral, aquilo que é urgente hoje é algo que era importante
ontem e que fora negligenciado. E a vida entra num terrível ciclo
vicioso que nos dá a sensação que nos falta o ar o tempo inteiro. Num
primeiro momento, quando tentamos nos reorganizar, é sim necessário um
sobre-esforço para retirar o excesso de coisas urgentes que nós mesmos
criamos de maneira que cheguemos à condição ideal de que 70% do nosso
tempo seja gasto com coisas importantes e apenas 25% com coisas
urgentes.
Quanto ao descanso, “descanso” é tudo aquilo que nos “descansa”. Isto
é, pense em você mesmo como uma bateria. Depois de 2 horas vendo
televisão você se sente verdadeiramente descansado? Se precisar
trabalhar novamente, tem energia pra isso? Então ver TV nunca foi nem
nunca será descanso. Cada qual deve encontrar aquilo que lhe descansa,
mas permanecer inerte quase nunca tem valor nenhum... já falamos um
pouco sobre isso no texto sobre os “divinos ócios”, publicado alguns
meses atrás.
Se não sabemos lidar com nosso tempo, não sabemos lidar com nosso
dinheiro e não sabemos lidar com nossa saúde. Uma coisa está
intimamente ligada à outra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários críticos sem identificação não serão aceitos.