Diante de um fato irreversível, pensam alguns, a melhor saída é a resignação.
Ou como dizia, uma ex-ministra do Turismo, a atual senadora Marta Suplicy, no auge da crise em aeroportos brasileiros, nos primeiros anos deste século:
- Já que tem que ser, relaxa e goza - afirmava como um conselho aos milhares de passageiros que se acumulavam à espera dos seus vôos.
Não é este, ao que parece, o pensamento da presidente Dilma.
Por que?
Quem sabe?
Imagino: Ou ela não acredita em irreversibilidade; ou a sua formação juvenil - de rebeldia - sempre a empurra para o tudo ou nada.
Legitimamente, a presidente sente-se uma injustiçada, condenada previamente por um crime que - assegura - entende não haver cometido.
Por isso, reage. Propõe-se a ir à forra.
E tudo indica que vai mesmo.
Essa disposição da presidente me leva a um recuo no tempo. Vou à História.
Mais, precisamente, ao ano de 399 Antes de Cristo. Grécia antiga.
Sócrates, um dos grandes mestres do seu tempo e que, segundo o tribuno romano Cícero, "fez com que a filosofia descesse dos céus para a terra", foi condenado a suicidar-se bebendo veneno sob duas acusações: 1) Por negligenciar a adoração dos deuses então cultuados; e 2) Por corromper os jovens.
Claro - duas acusações eminentemente políticas.
Poderia ter reagido à condenação - como queriam e imploravam seus admiradores e discípulos.
Recusou, porém, tal gesto de rebeldia.
- Embora injusta - dizia segundo registros da época, a sentença havia sido pronunciada por um tribunal legítimo e, portanto, teria que ser cumprida.
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