Em junho de 1994, a inflação brasileira chegou ao índice mensal de 47,43%. Inflação oficial.
Era comum você ir às compras mais de uma vez por dia e, em cada vez, no mesmo dia, os preços estavam, mais caros. Muito mais caros.
Vinha assim há vários meses. Há vários anos. Sempre piorando. Só piorando.
Pra você ter uma idéia, nos 12 meses anteriores a junho de 1994, a soma da inflação chegava a 4.922,60%.
Isso mesmo. Quase 5 mil por cento ao ano de inflação anual.
Foi aí que veio o Plano Real, proposto no governo Itamar Franco, sendo ministro da Fazenda o então ex-senador Fernando Henrique Cardoso.
Foi uma luta para aprovar esse plano.
Todos os partidos aliados ao PT eram contra.
As críticas eram as mais diversas.
- Vão entregar a economia do país aos americanos.
- O Plano só vai ser bom para os milionários.
- Os pobres pagar a conta mais uma vez.
- Vão congelar o salário do trabalhador.
Ainda bem que o Congresso da época resistiu e, contra a vontade do PT, aprovou o Plano Real.
E aí, não de uma vez, como num passe de mágica.
Mas, pouco a pouco, as coisas começaram a melhorar.
Principalmente para os menos favorecidos.
Eu bem que me lembro.
Minha situação como trabalhador mudou da água para o vinho.
A gente começou a saborear o resultado da mudança da economia mês a mês, dia a dia.
Sentindo o prazer de ver o dinheiro se valorizar, em vez de perder valor como ocorria antes.
No final de julho, a inflação tinha caído para 6,84%. Que dizer: de quase 50% ao mês, reduziu-se a menos de 7%.
Nossa! Parecia um sonho. Bom demais.
Parecia um milagre.
Só quem viveu essa transição pode ter uma noção do que ela representava.
Depois das compras, quem voltava pra casa trazia a notícia - o feijão baixou, o arroz tá mais barato... e assim por diante.
Foi aí que a gente começou a perceber que podia planejar, que cada um podia organizar o seu próprio orçamento, as suas próprias contas. Antes, não havia como fazer isso. Pois a desvalorização da nossa moeda chegava a níveis absolutamente incontroláveis.
Em agosto, a inflação mensal foi de 1,83%. E continua baixando mês a mês. Chegamos a dezembro de 1994, com uma inflação de primeiro mundo que, até aquele momento, quem era da minha idade nunca tinha vivido: 1,71%.
Mesmo assim, com todo avanço que testemunhávamos, a inflação anual ainda girava em torno de mil por cento, o que deve dar uma idéia do pesadelo que estávamos lutando para nos livrar, mesmo sem o PT e seus aliados quererem.
Mais ou menos como procuram fazer hoje quando se opõem à Reforma da Previdência e outras medidas estruturantes das quais o nosso país precisa para voltar a crescer.
Hoje, com todo assalto que o Brasil sofreu nos últimos 16 anos, com todo descontrole da economia, a taxa inflacionária ainda está muito distante dos picos que alcançou naquele tempo.
Parabéns, Plano Real.
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