quarta-feira, 23 de março de 2011

Kassab cada vez confunde mais

Chacrinha político*

Nos áureos tempos dos programas de auditório da TV brasileira no século passado, entre os “papas” da comunicação, um se destacava – Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Era um ídolo. Mas, não era unanimidade. E aos que o criticavam por não aproveitar de forma mais “positiva” a sua incontestável capacidade de comunicação, respondia jogando pedaços de bacalhau para seu auditório e proclamando:
- Eu não vim para explicar. Eu vim para confundir.
Chacrinha que me perdoe mas, essas duas expressões que ele projetou no tempo, cabem hoje, muito bem, na boca do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
O homem não faz a menor questão de valorizar as suas palavras. Numa hora diz uma coisa, noutra, às vezes no mesmo dia e, até mesmo, dentro da mesma hora, fala algo completamente diferente.
Projetado pelo PFL de São Paulo, elegeu-se vice-prefeito e hoje é prefeito reeleito da principal metrópole brasileira e da América Latina.
Ou seja: Para um político sério, responsável, de palavra, não pode existir vitrine melhor.
Imagino que, em algum momento de sua jornada política, foi exatamente essa a imagem que Kassab conseguiu construir. Mas, parece que deu a louca no homem e, de uns tempo pra cá, tem feito de tudo pra jogar a força de sua palavra na lata do lixo.
Valho-me dos episódios que tem protagonizado desde que decidiu pular do barco do partido que o projetou.
- Não fico num partido presidido por Rodrigo Maia – avisou.
Foi um “Deus nos acuda” dentro do DEM, sucedâneo do PFL. Imagina perder um quadro com a dimensão do prefeito de São Paulo.
Logo, as lideranças partidárias trataram de antecipar o fim do mandato de Rodrigo, construindo para sucedê-lo a candidatura “consensual” do senador José Agripino (RN), sob as bênçãos do próprio Kassab.
Depois, vem o mesmo Kassab e, antes mesmo de Agripino assumir, tenta derrubá-lo passando a defender que, em vez do potiguar, o presidente seja o ex-senador Marco Maciel (PE).
Aí foi demais. O próprio Marco Maciel percebeu que estava sendo jogado numa fria pelo, digamos, “pragmatismo” do prefeito de São Paulo. E o DEM, então, decidiu se escancarar pra que Kassab pudesse ir embora de uma vez por todas.
Agora, aí está ele, com o seu novo partido – o PSD. Numa hora diz-se que é pra valer, noutra que é pra fundir. Numa hora diz que é pra se compor com a presidente Dilma e o PT, noutra que é para preservar a aliança com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o seu PSDB.
Dá pra entender?
Confundindo assim, o mais provável é que, agora, Kassab esteja encurtando a sua própria trajetória política.
* Texto do artido que assino na edição desta quarta-feira do NOVO JORNAL.

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