quarta-feira, 17 de abril de 2013

Meu artigo desta 4ª no NOVO JORNAL


A volta da inflação

O pisca-pisca do sinal amarelo anunciando o ameaçador retorno do descontrole inflacionário à economia brasileira é por demais preocupante.
Boa parte da população brasileira não sabe o que é isso. Refiro-me à parcela da população nascida neste milênio e que, até pouco tempo, desfrutava da situação de estabilidade econômica resultante da bem sucedida execução do chamado Plano Real, adotado em 1994.
Antes dele, sobreviver numa economia incapaz de se organizar e, menos ainda, de se planejar, era um desafio bem maior do que este que começamos a enfrentar e que, para o bem de todos, torço para que o governo consiga debelar.
A minha geração sobreviveu ao “império da inflação descontrolada”, Deus sabe como. A classe pobre viveu momentos de aperto sem precedentes. Houve um momento em que o dinheirinho suado que conseguíamos ter no bolso se desvalorizava à razão de 80% ao mês. Ufa.
Por mais de uma vez, vi com os meus próprios olhos, senti no próprio bolso, investidas governamentais tentando, sem êxito, domar o monstro. Não foi só uma nem duas vezes que vi a população brasileira ir dormir com uma moeda de mil e acordava com essa mesma moeda valendo 1. Por que isso acontecia?
Na linguagem dos economistas, não sei como explicar. Mas, na prática, o que acontecia era o seguinte: Na tentativa de conter a explosão dos preços, por decreto, com uma simples canetada, o governo cortava três zeros da moeda vigente, congelava salários e só alguns dias depois a gente percebia que tudo tinha sido em vão. A inflação ressurgia vitoriosa e, cada vez mais ameaçadora.
Até hoje – como não entendo as teorias que embasam a economia – na verdade não sei como, nem de que forma, foi construído o milagre do tal Plano Real. Só sei que, na realidade, dele resultou o milagre de fortalecer a nossa moeda e de controlar o processo inflacionário. Foi prazeiroso sentir o gosto de estar num pais, mais do que estar, de ser de um país – o Brasil - com moeda forte, valorizada e respeitada.
Ver, agora, menos de 20 anos depois, que a ameaça da inflação ressurge sem dó nem piedade é, portanto, por demais preocupante. Por várias razões. Mas, principalmente, porque, para enfrenta-la, torna-se indispensável, um absoluto controle dos gastos públicos em todas as áreas, num momento em que, grande parte da riqueza nacional está sendo direcionada para a construção de obras voltadas para a Copa do Mundo de 2014.
Então, já viu. O custo maior vai ser pra todos nós.

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