domingo, 23 de outubro de 2011

Artigo de Paulo Afonso Linhares

O PODER DA HIPNOSE (II)

Paulo Afonso Linhares
             
         Minha intenção era apenas fazer um artigo bem humorado, com um gancho político, tendo a faixa de rua “Curso de Hipnose – Antonio Carreiro-BA” apenas como leitmotiv. Sem qualquer intenção de chacoalhar quem quer que fosse, muito menos esse cidadão que, num tom extremamente agressivo, pernóstico e intolerante, bateu com um cipó de jucá nos costados deste escrevinhador de província e pediu direito de resposta, no que foi atendido pelo jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, do Blog Jornal do RN (http://ptarcisio.blogspot.com/). A atitude açodada do Prof. Doutor Antonio de Almeida Carreiro é desprovida de razoabilidade, mesmo porque jamais foi a minha intenção agredi-lo ou à hipnose.
Meus leitores de mais de três décadas sabem que busco fazer um jornalismo sério e comprometido com a causa dos direitos humanos, tanto que com apenas 24 anos, em fui distinguido com o Prêmio Vladmir Herzog de Jornalismo, patrocinado pela Associação Brasileira de Imprensa-ABI, Arquidiocese de São Paulo e Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo. Idêntica atitude tenho externado na academia (sou professor há mais de 32 anos), no exercício da advocacia e de cargos públicos relevantes (presidente do IPERN e Defensor Público Geral do Estado do RN). Sem achar que sou dono da verdade ou que possa cagar na cabeça de alguém. O exemplo do meu santo xará, S. Paulo -"Pecadores, dos quais eu sou o principal" (1 Timóteo 1:15) – sou igualmente um pecador.
Claro, assiste razão ao Prof. Doutor Antonio de Almeida Carreiro quando me tacha de desconhecedor da hipnose. Não, não sou conhecedor mesmo, nem desejo sê-lo a estas alturas de minha vida: o Direito e a literatura me bastam. Mesmo porque, com todas as vênias desse “mestre e doutor em Ciências” da terra de Jorge Amado e Castro Alves, a despeito dos estudos – sérios ou não – que têm feito sobre hipnose, lhe tem sido negado o status de ciência; é mais uma técnica ou um procedimento, que uma ciência em si. Enfim, é uma categoria situada no campo da Metafísica. Que mal há nessa constatação ou na de que a Psicanálise, a Psiquiatria e a Psicologia, atualmente, raramente utilizam essa técnica como recurso terapêutico. Esse é um fato irrefutável. Ou que, conforme se lê no sítio Página de Freud, a verdade é que “Sigmund Freud ao estudar com Charcot, na França, em 1885, ficou impressionado com o potencial terapêutico da hipnose para o tratamento de distúrbios neuróticos. Ao voltar para Viena, ele empregou a hipnose em seus pacientes com o intuito de facilitar a lembrança de eventos perturbadores aparentemente esquecidos. Conforme ele começou a desenvolver a Psicanálise, suas considerações teóricas bem como a dificuldade que encontrou para hipnotizar alguns de seus pacientes, levaram-no a descartar a hipnose em favor da associação livre”.
Foi o máximo o que disse no outro artigo. Em que o Prof. Dr. Carreiro foi agredido ou a sua hipnose? Em absolutamente nada. Devo ser queimado na fogueira somente por essas assertivas despretensiosas? Acho que não. Andei igualmente me inteirando sobre o Prof. Dr. Carreiro e vi o seu Lattes. Percebi um dado interessante: lá a hipnose não conseguiu entrar e dos trinta e tantos livros que escreveu e que deseja que eu leia, somente encontrei pouco mais de meia dúzia deles, tratando de importantes temas da ciência da Educação. Aliás, no artigo refutado, disse que minha experiência nesse ramo tinha sido tentativas frustradas de hipnotizar calanguinhas lá em Caraúbas. Vi pela Internet que no curso ministrado pelo Prof. Dr. Carreiro, o primeiro tópico trata justo do chamado “Magnetismo Animal”...
Repito: não quis ofender. Ademais, quem fizer uma leitura do meu texto com isenção de ânimos, verá que não tive intenção nem agredi o Prof. Dr. Carreiro. Por isto não tenho do que pedir desculpas ou me retratar. Ele sim foi que não teve a devida paciência para, do alto de seu proclamado conhecimento de muitas ciências, explicar no que consiste esse seu trabalho com a hipnose e as perspectivas do uso terapêutico dessa técnica e, no mínimo, fazer melhor divulgação do curso que ministraria em Natal, ao invés de exibir apenas aquela lacônica faixa já referida. No mais, quero dizer que não temo polêmica nem as suas consequências, embora algumas delas sejam enfadonhas. Não tenho tempo, nem vontade, para ler os livros do Prof. Dr. Carreiro, tampouco de assistir ao seu curso de hipnose, mesmo porque não tenho intenção de hipnotizar quem quer que seja, embora admita que outras o façam ou até ensinem a fazer. E a Metafísica me aborrece. Tenho dito.

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