O fato do ex-secretário Paulo de Tarso ter levado três vezes à governadora Rosalba Ciarlini o ato de renomeação do vice-governador Robinson Faria para a Secretaria de Recursos Hídricos me intrigou.
Um auxiliar, com a qualificação e o talento de Paulo de Tarso - e mais, com a correção que lhe é inerente - não recebe a mesma ordem mais de uma vez.
Especialmente se está determinado a não cumprí-la.
Nesse caso específico, ele se dispôs a recebê-la três vezes (determinado a não cumprí-la) - conforme o relato de Robinson:
- Converse com Carlos Augusto.
Eu imagino o susto que levou a governadora Rosalba, quando Paulo de Tarso chegou lá, na sua mesa, pela segunda vez, e lhe apresentou o mesmo decreto que ela refugara 24 horas antes.
No mínimo, ela imaginou: "O que é que tá acontecendo? Será que Paulo de Tarso tá ficando doido?"
Quem conhece a governadora, diz que ela tem sangue de barata. É fria, calculista... dificilmente, deixa que o interlocutor identifique suas emoções. Só quando isso lhe interessa.
Assim, mesmo surpreendida e até chocada com a atitude de Paulo de Tarso, apresentando-lhe para assinatura - pela segunda vez - um decreto que ele sabia que ela não assinaria, fez de conta que nem percebera o gesto inusitado do seu principal assessor, repetindo-lhe como se estivesse dizendo pela primeira vez:
- Converse com Carlos Augusto.
Não tenho intimidade com poderosos. No máximo, os acompanho à distância por dever profissional. Por isso, sem saber que essas coisas tinham acontecido, quando duas amigas me deram a notícia, surpreendi-me.
- Paulo de Tarso entregou o cargo em solidariedade a Robinson.
Agora, já sabendo o mínimo indispensável para essa análise inicial, fico me perguntando: Paulo de Tarso esticou a corda de propósito - porque já estava cansado do poder que tinha e queria mesmo precipitar sua saída do governo ou fez o que fez por uma mancada dessas que qualquer mortal - por mais preparado que seja - uma dia não escapa e também está sujeito a errar?
Não sei. Só ele mesmo poderá responder.
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