O CORRETOR DE IMÓVEIS
E A JUSTIÇA DO
TRABALHO
Proletarier aller Länder, vereinigt euch!
A expansão e o fortalecimento do mercado
imobiliário no Brasil são, sem dúvidas, uma grata surpresa consolidada pela
estabilização da economia, a diminuição da pobreza e as políticas de governo
para a aquisição da casa própria.
Tudo seria mágico, não fosse pela
crueldade do mercado justamente com aqueles que fazem os números de vendas de
novos imóveis crescerem ano após ano, os corretores.
Isso se dá pois, apesar de terem
extensas jornadas de trabalho, metas arrojadas a cumprir, pouca, ou nenhuma
ajuda de custo no desenvolvimento de suas funções, esses profissionais ainda
são tratados pela maioria das imobiliárias como “autônomos”, em uma jogada
milionária para sonegar o pagamento das obrigações trabalhistas.
Ora, só é trabalhador autônomo a pessoa
física que desenvolve atividade econômica por conta própria, organizando seu
trabalho livremente, devendo explicações apenas a seus clientes.
Assim,
seria corretor autônomo, por
exemplo, o profissional que capta o
vendedor, anuncia o imóvel, encontra o comprador e auxilia no fechamento do
negócio, devendo, por fim, receber sua comissão (contrato regido pelo código
civil), tudo isto, de forma livre, em seu próprio escritório, sem gerente,
plantões, punições por “faltas,” metas etc.
É
fácil perceber que na atual conjuntura do mercado imobiliário, a figura do
corretor autônomo é cada vez mais rara, sendo ele hoje, em regra, ligado à uma
empresa imobiliária, as vezes até de forma exclusiva.
Desta
feita, impossível seria afastar a responsabilidade destas empresas de
registrar, remunerar e pagar todos os benefícios trabalhistas desses
empregados, não o fazendo pela inércia dos órgãos responsáveis pela
fiscalização das relações empregatícias e pela falta de coragem das próprias
vítimas, que se calam diante dos absurdos.
Nesses
dias de comemorações pelo dia do trabalho, concluímos com um dos mais
importantes gritos de protesto da humanidade, “Proletarier aller Länder, vereinigt euch!”
[Trabalhadores do mundo, uni-vos!] de Marx e Engels, lembrando, ainda, dos
ensinamentos de um dos maiores juristas brasileiros, que dizia: "Quem não luta pelos seus direitos não
é digno deles." Rui Barbosa.
Arthur D. de Albuquerque Cavalcanti.
Advogado Imobiliário, Empresarial e
Trabalhista.
OAB/RN 10.258.
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