quarta-feira, 22 de maio de 2013

Artigo de Arthur Diego Cavalcanti

Brasil: vocação para discutir 
notícia velha, a gente vê por aqui.

Políticas de incentivo ao povoamento, muitas delas com a “importação” de profissionais qualificados para as regiões menos atrativas de determinado país não são, nem de longe, novas.
Já entre 1850 e 1870, os EUA receberam cerca de 5 milhões de europeus atraídos aos territórios do oeste do país pelos subsídios estatais. No Canadá, todos os anos, milhares de brasileiros com formação superior conseguem o direito de trabalhar legalmente. Austrália e Nova Zelândia também investem pesado na importação de “talentos”. Em todo lugar é assim.
Aqui no Brasil, apesar dos esforços governamentais ao longo da história, nenhuma política pública possibilitou o povoamento consistente do interior do país, sendo a população brasileira eminentemente urbana e litorânea.
 A falta de trabalho, de serviços públicos de qualidade, de educação superior e de todo o resto fazem, inclusive, aqueles que nasceram no interior, em algum momento, migrarem para o litoral o que gera menos trabalho, serviços públicos de qualidade educação e todo o resto. É, vocês perceberam, é o danado do circulo vicioso.
Diante de todos os fatos, a atual controvérsia acerca da permissão de trabalho para médicos estrangeiros no país simplesmente não tem o menor cabimento.  Como pode alguém criticar a tentativa de levar médicos de outros países para dentro do sertão brasileiro, quando os médicos daqui não querem trabalhar na região?
O mais engraçado é o argumento: médicos, que não passam por qualquer exame obrigatório de suficiência julgam por incompetentes os médicos argentinos, uruguaios, cubanos, portugueses e espanhóis...
Para mim, não resta dúvida que a importação desses profissionais é uma alternativa perfeitamente viável, não só para sanar a falta de médicos no interior do Brasil, mas também para incentivar o aperfeiçoamento dos profissionais da casa.
É verdade, no entanto, que somente levar médicos ao interior, sejam eles de onde forem, não resolve o problema (médicos precisam de luvas, macas, exames de sangue...), mas ajuda muito. O estrangeiro, por estar fora de seu habitat natural, tende a respeitar melhor as regras, cumprir os horários, trabalhar com mais dedicação. Vamos pedir que esse sentimento se espalhe feito epidemia entre os médicos brasileiros e cause uma verdadeira revolução na forma de fazer medicina neste país.
Por fim, quero registrar minha admiração pelos grandes médicos que me rodeiam, famosos e anônimos. Vocês são exemplos de dedicação! Tenho certeza que dentre vocês, não há um pingo de “medo” dos estrangeiros.
Parabéns!
Arthur D. Cavalcanti
Advogado. OAB/RN 10.258

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