Brasil: vocação para discutir
notícia velha, a gente vê por
aqui.
Políticas de incentivo ao povoamento, muitas delas com a “importação”
de profissionais qualificados para as regiões menos atrativas de determinado
país não são, nem de longe, novas.
Já entre 1850 e 1870, os EUA receberam cerca de 5 milhões de
europeus atraídos aos territórios do oeste do país pelos subsídios estatais. No
Canadá, todos os anos, milhares de brasileiros com formação superior conseguem
o direito de trabalhar legalmente. Austrália e Nova Zelândia também investem
pesado na importação de “talentos”. Em todo lugar é assim.
Aqui no Brasil, apesar dos esforços governamentais ao longo
da história, nenhuma política pública possibilitou o povoamento consistente do
interior do país, sendo a população brasileira eminentemente urbana e
litorânea.
A falta de trabalho,
de serviços públicos de qualidade, de educação superior e de todo o resto
fazem, inclusive, aqueles que nasceram no interior, em algum momento, migrarem
para o litoral o que gera menos trabalho, serviços públicos de qualidade
educação e todo o resto. É, vocês perceberam, é o danado do circulo vicioso.
Diante de todos os fatos, a atual controvérsia acerca da
permissão de trabalho para médicos estrangeiros no país simplesmente não tem o
menor cabimento. Como pode alguém
criticar a tentativa de levar médicos de outros países para dentro do sertão
brasileiro, quando os médicos daqui não querem trabalhar na região?
O mais engraçado é o argumento: médicos, que não passam por
qualquer exame obrigatório de suficiência julgam por incompetentes os médicos
argentinos, uruguaios, cubanos, portugueses e espanhóis...
Para mim, não resta dúvida que a importação desses
profissionais é uma alternativa perfeitamente viável, não só para sanar a falta
de médicos no interior do Brasil, mas também para incentivar o aperfeiçoamento
dos profissionais da casa.
É verdade, no entanto, que somente levar médicos ao
interior, sejam eles de onde forem, não resolve o problema (médicos precisam de
luvas, macas, exames de sangue...), mas ajuda muito. O estrangeiro, por estar
fora de seu habitat natural, tende a respeitar melhor as regras, cumprir os
horários, trabalhar com mais dedicação. Vamos pedir que esse sentimento se
espalhe feito epidemia entre os médicos brasileiros e cause uma verdadeira
revolução na forma de fazer medicina neste país.
Por fim, quero registrar minha admiração pelos grandes
médicos que me rodeiam, famosos e anônimos. Vocês são exemplos de dedicação!
Tenho certeza que dentre vocês, não há um pingo de “medo” dos estrangeiros.
Parabéns!
Arthur D. Cavalcanti
Advogado. OAB/RN 10.258
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