O luto e a história
Waleska Maux
Jornalista
Consternação, indignação, tristeza. A semana termina com a notícia do trágico acidente que vitimou o ministro da Corte Suprema do país e que, por coincidência (ou não) era o Relator da Operação Lava Jato.
Brasil de muitas faces, de conchaves, alianças e facções.
Estamos, muitos de nós, enlutados. Independente do grande jurista e competente ministro deixar grande lacuna, esse acidente derrubou e abalou o ‘coração’ do judiciário e de muitos brasileiros.
Com a saúde sucateada, a educação falida e um sistema corrupto, estávamos (e estamos) cansados de impunidade, desvios, denúncias e roubalheira. Surgiu então, nova esperança, a partir de ações de investigação que prenderam e estão cercando grandes cabeças de esquemas fraudulentos e nocivos.
A lista é imensa. Numa época em que são afastados presidentes da República, da Câmara Federal, do Senado e de grandes empresas, a esperança de mudança vem seguida de desconfiança e medo. Retaliação? Vingança? Armadilhas do destino? Fatalidade? Não sabemos.
Talvez esse acidente entre na lista de mais uma histórica fatalidade, como foram os acidentes intrigantes que vitimaram um candidato à presidência da República, um ex-presidente, e políticos que fizeram história em nosso país. Eduardo Campos, Ulysses Guimarães e Castello Branco morreram em aeronaves.
A história nos remete também a Getúlio, Juscelino, Tancredo, e outros tantos brasileiros que partiram em circunstâncias, digamos, estranhas, deixando aquela eterna indagação, ‘será que foi assim mesmo’?
O país está doente. O “câncer” foi gerado por todos nós, através do livre voto, depositando, nas urnas, desde muitas décadas, nomes contaminados que acabaram por deixar nosso país em estado crítico.
Não é hora de brigarmos entre nós por partidos, ideologias e verdades firmadas a partir de valores e conceitos adquiridos culturalmente. A hora é de cada um de nós voltarmos para nosso interior. Ouvir o coração, seguir a intuição, ter cuidado com as frases e pensamentos decorados e repetidos por tanto tempo.
O momento é de crise. Entre os poderes, entre os políticos, entre os detentos de comandam facções e de dentro de presídios, comandam grandes tragédias. Não entendo, até hoje, como essas ações não são classificadas como atos terroristas. Coisas do Brasil....
Torço para que consigamos uma maior união entre os cidadãos. Para que acidentes como este sejam investigados a fundo. Para que a ministra Carmem Lúcia seja forte o suficiente para não deixar a Corte se intimidar.
Oremos. Que as boas vibrações inspirem os fortes e honestos trabalhadores da justiça, e os parlamentares que ainda possuam uma fagulha da centelha divina. Precisamos ser salvos, inclusive de nós mesmos.
Waleska Maux / Jornalista
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