sábado, 24 de dezembro de 2011

Poema de Walter Medeiros

Presépio

Walter Medeiros

 Vi trinta Presépios de gênios,
 Onde a luz do mundo se confunde
 Com a beleza do Menino Jesus,
 De manjedoura tão rústica,
 Os visitantes atentos e curiosos,
 Os anjos espreitando cada hora,
 A apreensão de Nossa Senhora,
 São José com seu cajado forte,
 Os animais de olhos e focinhos,
 E a paisagem de Jerusalém.

 Vi Nossa Senhora em oração
 Sentindo o cheiro das folhas,
 Imaginando o destino do Filho,
 E os visitantes de todo mundo,
 Amigos, parentes e até reis,
 Cada um com suas intenções,
 E a notícia, que ia se espalhando,
 De que ao mundo estava chegando
 Para a terra o Messias Salvador
 Num Manto branco de paz.

 Vi o silêncio que tudo rondava
 Naquela noite do mês de dezembro,
 Com aquelas expressões de dúvida,
 Peregrinos levados pela fé
 Contemplando com firmeza o bebê
 Naquele ambiente de beleza,
 Apesar da pobreza que se vê,
 Rodeado de uma santa nobreza
 Superior a qualquer realeza
 Que os homens inda iam conhecer.

 Vi a glória da confraternização,
 Músicas saudando o Filho de Deus,
 O ar tomado por divina canção
 E um pequeno pássaro no telhado,
 Auréolas e mais auréolas belas
 Fazendo do estábulo um santuário,
 E daquela cobertura um altar,
 Conectado com a luz do Céu
 Para anunciar a chegada da vida
 Daquele que seria a maior paixão.

 Vi as essências daquele Mistério
 Que preenchia tudo de beleza,
 Realçando cada grão da natureza
 Nas mãos postas e olhar bondoso,
 Fazendo da pedra o berço do Divino,
 Parecendo frágil e pequenino,
 Como que num aplauso geral
 Pelas mãos sempre tão postas
 De tanto júbilo então sentido,
 Como que um encanto esclarecido.

 Vi as flores e folhas perfumadas,
 Borboletas rondando o lugar,
 O destino se formando devagar,
 O menino se mexendo e sentindo,
 O Espírito Santo com seu brilho,
 E o fogo aceso em cada canto,
 Uns presentes de longe lhe chegando,
 Por Belchior, Gaspar e Baltazar,
 A estrela no alto a orientar
 O caminho para o novo anunciado.

 Vi o rio banhando aquela terra,
 Jesus no colo da amada Mãe,
 O Pai pensativo pela relva,
 Mas uma coisa faltou fazerem,
 Não vi em nenhum quadro do mundo
 O sorriso de Nossa Senhora,
 Pois por mais tensa fosse a hora
 A Mãe regeu uma alegria
 Surgida justo naquele dia
 Em que o seu Filho ali nasceu.

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