quarta-feira, 27 de abril de 2011

Donos de postos dizem ter lucro abaixo da média

Vida boa é a da Cosern*

A expressão que uso no título deste artigo está baseada num antigo provérbio que ouvi muitas vezes:
- Vida boa e mulher, só a dos outros.
Era usado para caracterizar pessoas invejosas e permanentemente insatisfeitas com a sua própria realidade.
Lembrei-me dele na segunda-feira da semana passada – dia 18, enquanto acompanhava pela TV-Universitária mais uma edição do programa “Grandes temas”, conduzido pela apresentadora Vânia Marinho.
O assunto era a inexplicável diferença no preço da gasolina praticado em Natal e noutras cidades do próprio RN e de outros Estados. Até hoje não ouvi uma explicação convincente para tal diferença.
O que mais me chamou a atenção no programa, contudo, foi a ênfase com que o representante do Sindicato de donos de postos procurava justificar a margem de lucro que esse negócio gera em Natal e que, segundo ele, fica em torno de 14% do faturamento.
Na visão dele, essa é uma taxa modesta de ganhos, em comparação com a praticada em outros negócios, na mesma área de prestação de serviços, como é o caso da venda de energia elétrica.
De acordo com o que apurou o representante dos comerciantes de gasolina, a margem de lucro da Cosern, vendendo energia, girava em torno de 40%. Ele explicitou que chegou a tal conclusão através de uma avaliação de balanços,
Acredito que essa revelação passou, aparentemente, despercebida aos demais participantes do programa, porque não era a questão da Cosern que estava em jogo na ocasião.
Só pode ter sido por isso.
Desde então, porém, essa margem de lucro não para de martelar a minha cabeça. É boa? É normal? É razoável ou é exagerada?
Não sei se a Cosern tomou conhecimento do que foi dito no programa a que me refiro. Mas, dois ou três dias depois, ao anunciar a majoração de tarifas que acaba de aplicar (devida­mente autorizada pela ANEEL), divulgou números relativos ao comprometimento de seu faturamento. São os seguintes:
38% do faturamento destinam-se à compra de energia e transmissão; 33% são gastos com encargos e tributos; restando à empresa a margem de 29%.
Quer dizer: A Cosern refuta a margem de lucro que lhe foi atribuída – de 40%, limitando-a a 29%.
Não sei se é pouco ou se é muito. Muito menos, se esse é um número incontestável. Isto é, verdadeiro.
Mas, levando em conta o fato da Cosern dispor do monopólio da venda de energia no RN, entendo - sem querer ser o invejoso insatisfeito caracterizado pelo antigo provérbio a que me referi - que essa questão bem que poderia passar, também, pelo crivo das instituições que têm o dever de zelar pelos direitos do consumidor. 
* Texto do artigo que assino na ediçào desta quarta-feira do NOVO JORNAL..

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