segunda-feira, 9 de abril de 2012

Garoto suspeito de roubar na escola termina no hospital todo cortado e um braço quebrado

- Toda turma da escola pública em que eu estudava – contou-me um dos alunos – estava mobilizada juntando dinheiro para comprar o jogo de camisas do nosso time de futebol.
- Todo mês cada um de nós vinha contribuindo com o que podia. Ao final do mês fazíamos uma rifa e o dinheiro em caixa era mutiplicado por 4 ou 5 vezes.
- Na semana passada, houve uma reunião de prestação de contas e já estávamos com quase mil reais.
- Betão, o tesoureiro da turma, ostentava com orgulho o montante das cédulas que havíamos conseguido juntar. Era uma vitória de todos.
- Terminada a reunião, ali mesmo no  pátio da escola, fomos à programação recreativa que havíamos organizado. Uma grande manhã festiva que só terminou já perto de duas horas da tarde.
- Qual não foi nosso desespero quando, após o banho coletivo, Betão deu o alarme, aos berros: “Roubaram nosso dinheiro”.
- Enquanto jogávamos, toda grana que havíamos levado 3 ou 4 meses pra juntar, havia desaparecido.
- Foi uma grande decepção. Até porque, pelas circunstâncias do roubo, o ladrão parecia ter sido um de nós mesmos.
- De lá pra cá, não se falava noutra coisa nos corredores da escola.
- Cada um arquitetava uma possibilidade; cada um fazia sua investigação; a cada dia, cada um chegava com uma suposição.
- No quarto dia, Kaká chega com um relógio.
- Alguém estranhou pois lembrava nunca ter visto Kaká usando relógio. Era novidade e, de imediato, na suposição de todos, Kaká ganhou a condição de suspeito número 1. Comprou o relógio com o dinheiro que roubou - imaginávamos.
- Passados mais dois ou três dias, o mesmo Kaká chega a escola de tênis novo.
- Para a grande maioria não havia dúvida: Foi ele o “ladrão”.
- Daí para a turma de líderes decidir dar-lhe uma “sujesta” e exigir que confessasse o crime foi um pulo.
- Levaram-no para um recanto do pátio e o desafiaram:
- Kaká, não adianta esconder o jogo. Foi você que roubou o dinheiro do time.
- Kaká, menino de 10, 11 anos, amarelou diante da acusação fulminante. Não conseguiu conter o pranto, mas, mesmo chorando proclamava:
- Eu não sou ladrão! Eu não sou ladrão... E partiu pra cima do seu principal acusador:
- Prove seu filho da puta! Prove que eu sou ladrão...
- O restante da turma de líderes (seis ou sete de nós), entrou na briga para dominar Kaká que terminou com um braço quebrado e vários cortes de cacos de vidro espalhados pelo corpo.
- A gritaria atraiu gente que nem sabia do que se tratava, mas que levou Kaká para o necessário atendimento hospitalar.
- Todos nós, mesmo sem o dinheiro, ficamos de alma lavada, pois fizemos justiça com as próprias mãos, e decidimos acompanhar o nosso líder, Betão, até a sua residência.
- E lá, então, tivemos que cair na real, conscientes da grande merda que, por precipitação e irresponsabilidade acabáramos de fazer. 
-Foi quando ouvimos a grande notícia que, feliz da vida, a mãe de Betão procurava transmitir:
- Betão, nem te conto. Eu não achei o dinheiro do time... Tava no bolso do seu moleton.

PS – A história acima é de ficção. É uma adaptação do que, na madrugada de hoje, pude ouvir, enquanto ainda estava despertando, de um filme de desenho animado que passava entre 5 e 6 da manhã desta segunda-feira, 9 de abril, no canal 63 da TV a cabo em Natal-RN.

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