- Todo mês cada um de nós vinha contribuindo com o que
podia. Ao final do mês fazíamos uma rifa e o dinheiro em caixa era mutiplicado
por 4 ou 5 vezes.
- Na semana passada, houve uma reunião de prestação de
contas e já estávamos com quase mil reais.
- Betão, o tesoureiro da turma, ostentava com orgulho o
montante das cédulas que havíamos conseguido juntar. Era uma vitória de todos.
- Terminada a reunião, ali mesmo no pátio da escola, fomos à programação
recreativa que havíamos organizado. Uma grande manhã festiva que só terminou já
perto de duas horas da tarde.
- Qual não foi nosso desespero quando, após o banho
coletivo, Betão deu o alarme, aos berros: “Roubaram nosso dinheiro”.
- Enquanto jogávamos, toda grana que havíamos levado 3 ou 4
meses pra juntar, havia desaparecido.
- Foi uma grande decepção. Até porque, pelas circunstâncias do
roubo, o ladrão parecia ter sido um de nós mesmos.
- De lá pra cá, não se falava noutra coisa nos corredores da
escola.
- Cada um arquitetava uma possibilidade; cada um fazia sua
investigação; a cada dia, cada um chegava com uma suposição.
- No quarto dia, Kaká chega com um relógio.
- Alguém estranhou pois lembrava nunca ter visto Kaká usando
relógio. Era novidade e, de imediato, na suposição de todos, Kaká ganhou a condição
de suspeito número 1. Comprou o relógio com o dinheiro que roubou - imaginávamos.
- Passados mais dois ou três dias, o mesmo Kaká chega a
escola de tênis novo.
- Para a grande maioria não havia dúvida: Foi ele o “ladrão”.
- Daí para a turma de líderes decidir dar-lhe uma “sujesta” e
exigir que confessasse o crime foi um pulo.
- Levaram-no para um recanto do pátio e o desafiaram:
- Kaká, não adianta esconder o jogo. Foi você que roubou o
dinheiro do time.
- Kaká, menino de 10, 11 anos, amarelou diante da acusação
fulminante. Não conseguiu conter o pranto, mas, mesmo chorando proclamava:
- Eu não sou ladrão! Eu não sou ladrão... E partiu pra cima
do seu principal acusador:
- Prove seu filho da puta! Prove que eu sou ladrão...
- O restante da turma de líderes (seis ou sete de nós),
entrou na briga para dominar Kaká que terminou com um braço quebrado e vários
cortes de cacos de vidro espalhados pelo corpo.
- A gritaria atraiu gente que nem sabia do que se tratava, mas
que levou Kaká para o necessário atendimento hospitalar.
- Todos nós, mesmo sem o dinheiro, ficamos de alma lavada, pois fizemos justiça com as próprias mãos, e decidimos acompanhar o nosso líder, Betão, até a sua residência.
- E lá, então, tivemos que cair na real, conscientes da
grande merda que, por precipitação e irresponsabilidade acabáramos de fazer.
-Foi quando ouvimos a grande notícia que, feliz da vida, a mãe de Betão procurava
transmitir:
- Betão, nem te conto. Eu não achei o dinheiro do time... Tava no bolso do seu moleton.
PS – A história acima é de ficção. É uma adaptação do que,
na madrugada de hoje, pude ouvir, enquanto ainda estava despertando, de um
filme de desenho animado que passava entre 5 e 6 da manhã desta segunda-feira, 9 de abril, no canal 63 da TV a cabo em Natal-RN.
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