domingo, 8 de abril de 2012

Poesia de Walter Medeiros


As revelações de vida da Irmã Alves

Walter Medeiros
(Natal – 30.10.2005)
  
Neste momento inspirado,
Quero aqui descrever,
A partir do alvorecer,
Tão belo e iluminado,
A história de uma freira
Que entrega a vida inteira
Num trabalho dedicado.

Nascida lá no sertão,
Bem no tempo do cangaço,
Sem nenhum estardalhaço
Descobriu sua missão;
Foi morar na capital,
E viu que o seu ideal
Ia em nobre direção.

Tinha uma grande família,
Pai, mãe e seis irmãos,
Todos devotos cristãos,
Andavam na mesma trilha,
Mas sentiu forte emoção,
Descobrindo a vocação,
Sua grande maravilha.

Estudou e foi formada
No ofício de educar,
A escola era seu lar,
Já estava encaminhada.
Entrou na congregação,
Da vigem da Conceição,
Não precisava mais nada.

Tinha apenas vinte anos,
Estava na flor da idade,
Mas toda sua vaidade
De moça cheia de planos,
Na religiosidade
Evitava, na verdade,
Tudo que fosse profano.

Sua feliz trajetória
Cheia de tranqüilidade,
Morando em grande cidade,
Era sempre uma glória.
Mas no mundo de maldade
Uma nova realidade
Mudou o rumo da história.

A política envolveu
Sua família inteira,
Quando ela já era freira,
Um grande fato se deu.
A população inteira,
Do letrado à beradeira,
O seu irmão elegeu.

Político de valor,
Seu irmão assim já era,
Discursava feito fera,
No Congresso atuou.
Mas não era mais quimera,
Tinha ganhado, pudera,
Para ser governador.

Dentro da congregação
A eleição repercutiu;
A irmã Alves sentiu
Um aperto no coração.
Por conta disso partiu,
Durante um tempo serviu
Noutro estado da Nação.

Os anos foram passando
E aquela forte mulher
Que mostrava grande fé
Ia mais se acreditando.
Torcia até por Pelé,
Lutava, forte, de pé,
Em um tempo menos brando.

Seus irmãos eram Aluízio,
Agnelo, Zé Gobat,
Gente de admirar,
Lutar muito era preciso.
Tinha também Expedito,
Garibaldi, tá escrito,
E Lourdes, com seu sorriso.

Pois durante a ditadura
Que dominou o Brasil
A Madre Alves se viu
Em meio a muita amargura
O fato que se seguiu
Os seus irmãos atingiu
Em muitas horas de agrura.

Naquele tempo de medo
Onde tudo era injustiça
Ela rezava na missa
Mas olhava pro degredo
Enfrentava todo o mal
Falou até com general
E com Monsenhor Wafredo.

Tem muito para dizer
Daquele tempo passado,
Onde o povo sufocado
Vivia de se esconder.
Mas no coração guardado
Ficou o tempo malvado
Que fez sua mãe sofrer.

Mas aquilo já passou
É outra realidade
Vivemos na liberdade
Democracia voltou
Para fazer caridade
Tendo força de vontade
Ela nunca se cansou.

Em seu traje habitual,
Conversa feito uma Santa,
Sua voz nunca levanta,
Ar sereno, natural,
Sabe que tudo mudou
Mas o tempo acompanhou
Sem mudar sua moral.

Mesmo num mundo tão falho,
Tem sua compensação;
Sabe que não foi em vão,
E das histórias me valho.
Colégio da Conceição,
Tem a PAZ no coração,
Por causa do seu trabalho.

Nas suas recordações,
Tem fatos interessantes,
Até desfecho chocante
De casais, separações,
Ajuda com a mão amiga
A evitar a intriga
Unindo pais e irmãos.

Com ar de serenidade,
Fale de educação,
Criticando a expulsão
De estudante, é verdade;
Para ela uma escola
Só põe aluno prá fora
Se não tem capacidade.

Na sua reflexão
Ela é lúcida demais
Fala de excepcionais,
Promove sua inclusão;
Num momento de louvor,
Sentimos o seu amor
Emanar do coração.

Tantos anos dirigindo
O colégio Conceição
Tem grande satisfação
De olhar repercutindo
Ações de alunos seus
Que falam em nome de Deus
Sempre que estão agindo.

Ela conta o caso de um,
Que é um médico decente,
Fez ela ficar contente,
E não gosta de zum zum,
Seu domingo é diferente,
Dedica aos indigentes,
Atende bem sem lundun.

Carmem Alves, na verdade,
É o nome dessa Irmã,
Que tem uma vida sã,
De espiritualidade;
O que podia querer,
Sempre teve, o prazer,
De cultivar a bondade.

Mas hoje, segundo ela,
Uma coisa lamentável
Neste mundo admirável
De uma carreira tão bela,
Não temos mais vocação
De Mulher por religião,
É o que os tempos revela.

Mas sua bela trajetória
De vida tão exemplar,
Para sempre há de ficar
Guardada em nossa memória;
Sempre vamos nos lembrar
Lá fora e em nosso lar
Esta belíssima história.

Até porque revelou
Algo tão fundamental,
Na TV, em um canal,
O que sempre ela pensou:
Em ser a religiosa
De vida tão gloriosa,
De devoção e amor.

Termino com o sentimento
De grande felicidade
Em contar essa verdade
Vivendo esse momento;
Nunca pensei em ser frade,
E agora é muito tarde,
Para entrar num convento.

Só tenho que desejar
Finalizando essa história
Muitos dias de vitória
Prá essa mulher sem par;
Que ela seja iluminada,
Protegida e guardada,
Conjugando o verbo amar.

FIM

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