Intransigência
governamental
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal
de Pernambuco
Uma das evidências comuns da estratégia dispensada no
tratamento da greve pelo ”patrão”, o governo federal, é inicialmente ignorá-la,
acobertando suas reais
causas, prolongando o máximo possível à
negociação com os grevistas, na tentativa de vencer pelo cansaço e de jogar a
população contra os professores, chamando-os de “intransigentes” e “radicais”,
sem ao menos discutir suas reivindicações. Tenta também, aparelhar o movimento
grevista pelas forças políticas aliadas do Governo que dirigem a maior parte
das Entidades dos Servidores Públicos no sentido de impor uma derrota exemplar
ao movimento e responsabilizar os dirigentes autênticos. A presente greve que se desenrola, não foge a esta regra, com o
governo se negando a negociar.
No estado de direito, a negociação em casos de conflitos, é o caminho desejável para se tentar resolver impasses. Mas a intransigência do governo, desde o primeiro dia da greve foi evidente. Somente depois de transcorrido 60 dias de paralisação é que houve o primeiro encontro entre as partes, e uma proposta foi colocada na mesa, que, diga-se de passagem, não tinha nada a haver com o pleito dos docentes. Esta provocação seguida de uma ação midiática foi totalmente desmascarada. Aumento de 40% em 3 anos, foi este o destaque dado pela mídia. Após os esclarecimentos devidos, à sociedade entendeu o embuste, pois somente 5% da categoria receberiam este aumento parcelado em três anos, e o restante da categoria seriam penalizados; e alguns, nem teriam a reposição da inflação (como avaliar a evolução inflacionaria nos próximos três anos?). Depois da rejeição unânime, passados algumas semanas, o governo apresentou a mesma proposta, com uma pequena elevação na soma dos recursos alocados, representando um acréscimo de R$ 100,00 para os docentes com a titulação de mestres. Outra provocação para a categoria, que quer discutir além de salário, suas condições de trabalho e a reestruturação da carreira. Novamente a proposta “requentada” foi rejeitada maciçamente pelos professores.
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