O RN QUE NADA PODE
Paulo Afonso Linhares
Para o Rio Grande do Norte não vale a máxima popular de que "quem não pode com o pote nem pega na
rodilha". Ora, anos atrás
causou enorme euforia na terra do índio
Poti a notícia
de que Natal seria uma das sub-sedes da Copa de Futebol da FIFA de 2014.
Conhecedores dos caboclos desta aldeia duvidaram, desde entāo, da capacidade da nação papagerimum - embora a palavra
"potiguar" signifique literalmente "comedor de camarão"! - de realizar esse
importante evento esportivo. Muitas luas à
frente eis que pouca coisa foi realizada das promessas feitas pelos governos do
Estado do Rio Grande do Norte e de Natal à
poderosa FIFA, aos quais caberiam as obras de "mobilidade urbana" (os
prolongamentos da Avenida Prudente de Morais até a BR-304 e da Avenida Roberto
Freire, além
das ligações
daquela rodovia federal com o Aeroporto de São Gonçalo, tudo a cargo do governo do
Estado do RN,) e do entorno do Estádio
"Arena das Dunas" (encargo assumido pela Prefeitura Municipal de
Natal).
Apesar da dinheirama garantida pelo Governo Federal via
BNDES, a única
obra visível
é
mesmo a do Estádio
"Arena das Dunas" que, segundo informes à imprensa local, estaria
rigorosamente dentro do cronograma. As outras obras, "nem o azul",
como se dizia lá
nas Caraúbas
da infância:
o furacão
"Micarla de Souza" impediu que a Prefeitura Municipal de Natal iniciasse aquelas com as quais se
comprometera e, estranhamente, o prefeito Carlos Eduardo Alves, que tem fama de
bom gestor, se mantém
distante e silente, como se nada tivesse com isso; na outra ponta, quando
assumiu o Governo estadual Rosalba Ciarlini, que colocou à frente das obras o experiente
engenheiro Demétrio
Torres, pensou-se que as tais "de mobilidade" (essa é a locução da moda). Nada. Dificilmente elas
terão
início
antes da Copa de 2014 e mesmo que iniciadas agora certamente não estarão concluídas até o começo desse importante evento desportivo.
Diante dessas calamidades política-administrativas, agora somente
falta "seo" Joseph Blatter mandar aquele diretor malcriado da FIFA (o
Jérôme Valcke) dar um pontapé no traseiro das autoridades
potiguares. E tirar do RN a prerrogativa de sub-sede da Copa de 2014. Por que
cearenses e pernambucanos conseguiram cumprir o que acertaram com a FIFA e com
o Governo Federal e os potiguares (reles comedores de "camarão na moranga") não? Questão de mentalidade: os nossos vizinhos
têm,
hoje, uma visão
bem diferente acerca do que seja melhor para seus processos de desenvolvmento
econômico,
tanto que seus PIBs crescem em níveis
que fazem inveja aos chineses, em especial
Pernambuco. Enquanto isto, o raquítico
elefantinho potiguar tropeça
nas próprias
pernas e vai perdendo uma oportunidade atrás
da outra, a despeito de concentrar
enormes e variadas pontencialidades econômicas.
E amarga péssimas
colocações quanto aos diversos indicadores sociais, notadamente na educação e na saúde de sua população; até o vagaroso Piauí já deixa o RN na poeira em muito desses
indicadores. Logo seremos ultrapassados por Sergipe, Amapá, Rondônia e por aí vai.
Recentemente, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wellington Moreira Franco,
esteve no Rio Grande do Norte para inpecionar as obras do aeroporto que está em construção no Município de São Gonçalo do Amarante(RN), certamente a
obra estruturante mais expressiva na história
potiguar, desde quando erigiram na margem direita o Rio Potengi aquele pequeno
forte em forma de estrela, merecidamente denominado "Aeroporto Aluizio
Alves". Na visita, em companhia da governadora Rosalba Ciarlini, o
ministro Moreira Franco chegou ao futuro aeroporto por uma poerenta esburacada
estrada carroçável:
negligentemente até
agora os acessos planejados não
tiveram suas obras sequer iniciadas. Corre-se o risco de terminarem as obras do
aeródromo
e não
ter como chegar lá,
por terra. Preocupante mesmo é
que o Aeroporto Aluizio Alves possa não
ter a dimensão
que dele se esperava: talvez seja apenas
mero substituto do atual, chantado em Parnamirim, o "Aeroporto Augusto
Severo" que, por pressão
do Comando da Aeronáutica,
deixará
de ter funções
civis. Não
fosse isso, possivelmente nem mais sairia do papel esse aeródromo que poderia ser o maior
entroncamento da navegação
aérea
da America do Sul, como importância
equiparável
ao movimentadíssimo
aeroporto de Frankfurt-am-Mein, da Alemanha. Afinal, se não temos grandes portos marítimos como os pernambucanos têm o Suape e os cearenses o seu Pecém, bem que seria justo os potiguares
terem o grande entreposto de cargas e
passageiros do modal aéreo
do Cone Sul, mesmo porque é
o ponto mais próximo
entre as Américas
e a Europa e África.
Por falta de um grito, para o poderoso Pernambuco perdemos o Arquipélago de Fernando de Noronha, território uti possidetis da nação
potiguar desde quando teve início
a colonização
portuguesa há
mais de quinhentos, ademais da sua proximidade geográfica com o RN. Por falta de mais um
grito, mais uma vez para os pernambucanos perdemos a grande refinaria de petróleo desta região Nordeste. Agora, é de se esperar que, por incompetência de nossa elite político-administrativa, não
perca o Rio Grande do Norte o seu aeroporto continental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários críticos sem identificação não serão aceitos.