O PSD e os cem dias
A decisão do vice-governador Robinson Faria de assumir o comando do PSD aqui no Estado reflete seu obstinado propósito de se consolidar como uma das principais e mais respeitadas lideranças políticas do RN.
Mas, a história dessa mudança ainda tem alguns claros.
Claro número um – O PSD será mais um partido de Robinson ou será o seu partido?
Claro número dois – Essa decisão constitui uma carta de alforria que Robinson emite para si mesmo ou está diante de um contexto mais amplo, que englobe, inclusive, interesses da governadora Rosalba Ciarlini?
Claro número três – Qual a garantia que Robinson recebeu de que, amanhã, não estará no mesmo partido dos ex-governadores Iberê Ferreira e Wilma de Faria, em caso de uma hipotética fusão com o PSB? A palavra de Kassab?
Existem outros claros. Mas, a título de exemplo, esses três são bastante significativos. Vamos esperar que o tempo coloque os pontos em todos os is.
Tema número dois: Cem dias da governadora Rosalba. Eu esperava mais, inclusive do período de transição. A governadora enfrentou muitas dificuldades para formar a equipe dos seus sonhos e, de uma certa forma, foi salva pelo gongo na definição de espaços vitais numa administração estadual.
É visível, porém, o seu esforço para recuperar o tempo perdido. E isso não é fácil. Especialmente diante de um quadro inquestionável de escassez de recursos, diante do assombroso volume de necessidades represadas que encontrou. Notadamente na Saúde, na Educação, na Segurança e na história, assustadoramente polêmica, da Copa de 2014.
Mas, há um aspecto positivo que não posso deixar de registrar. A governadora tem os pés no chão; é conhecedora das dificuldades; e sabe que, para superá-las, vai precisar trabalhar muito e não gastar com nada que não seja absolutamente necessário.
Agora, ela não pode guardar ilusões. O povo votou nela, lhe deu a vitória consagradora no primeiro turno, sabe como ninguém que governar não é fácil, mas tem uma coisa que já não consegue mais suportar: “Não queira mais me fazer de bobo”.
Ou seja: É muito difícil para um governante suprir todas as aspirações da sua gente. Sempre estará sujeito a um desgaste aqui e acolá, pois o crescimento das necessidades será sempre muito mais rápido do que a evolução da capacidade de atendê-las.
A governadora Rosalba me parece estar consciente dessa realidade; sabe dos riscos que corre, mas não reflete nenhuma ansiedade em ter que mostrar um serviço que ainda não realizou. Ou, pelo menos, ainda não realizou em toda sua extensão.
Agora, o prazo de validade está correndo e, logo, logo, o povo vai querer ver alguma coisa.
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