NAS PROFUNDAS DO PROJAC
Paulo Afonso Linhares
Causou grande indignação a admoestação do jornalista Alexandre Garcia, comentarista dos telejornalismos da Rede Globo, feita recentemente em programa radiofônico apresentado em cadeia nacional, quando culpou os 53 milhões de eleitores que sufragaram o nome da presidente Dilma Rousseff pelos desmandos e roubalheiras que teriam ocorrido na Petrobras, no escândalo chamado de Petrolão. Babaquice inominável essa de destilar despeitado rancor por causa da derrota eleitoral do candidato tucano na eleição de 26 de outubro passado. Nada a ver. É infame e sem fundamento essa vinculação engendrada por esse jornalista que aluga sua pena aos senhores da Casa-Grande.
Aliás, jornalista de inegável talento, Alexandre Garcia, já tem muito tempo de janela e na defesa dos interesses de poderosos. Não foi a toa que serviu fielmente o general Figueiredo, o último presidente desse ciclo da ditadura militar, de quem foi nada mais nada menos que o porta-voz. E olha, pacientes leitores destas mal traçadas linhas, quase todos os dias Garcia tinha que apagar mais um incêndio parido do destemperado gênio do general-presidente. Os alopros eram tantos que o porta-voz ficava sem fala e não tinha saída senão partir para tiradas surrealistas. Como explicar, v.g., a assertiva de Figueiredo de que daria um tiro no coco se tivesse que receber o mísero salário mínimo de então? E Garcia explicou de alguma forma essa estultice, sem convencer ninguém.
Agora, culpar os eleitores de dona Dilma pelas pilantragens e conluios criminosos de grandes empreiteiros com executivos corruptos da Petrobras é uma monumental besteira capaz de alimentar por anos a versão contemporânea do indigesto Febeapá de que falava o genial Stanislaw Ponte Preta, de saudosa memória. Dá até vontade de dizer: É a mãe! Ou, é a vovozinha, seo Alexandre Garcia, mas, seguramente essas duas senhoras, uma mãe e outra mãe ao quadrado, não merecem qualquer insulto, mormente por besteira irrogada pelo filho e neto.
O que Garcia disse foi tão grosseiro e inoportuno (os 53 milhões que votaram em Dilma são, igualmente, telespectadores) que os dirigentes e seus colegas da conservadora e parcialíssima Rede Globo acharam a dose forte demais, mesmo que sequer as invectivas do comentarista tenham sido lançadas nos noticiários da Vênus Platinada. Claro, todo o cast dos mais destacados jornalistas e apresentadores globais torcem contra Dilma e seu governo. Todavia, dai para imputar aos 53 milhões de eleitores da mesma Dilma pelos desmandos graves ocorridos na Petrobras, é uma distância estelar. Aliás, mesmo culpar por essa bandalheira petrolífera o governo Dilma ou os partidos que lhe dão supedâneo político (PT, PMDB, PDT, PR etc.) não deixa de ser um exagero, porquanto executivos corrompidos e plutocratas corruptores não têm partido nem pátria, ademais de operarem juntos há décadas.
Com efeito, mulheres e homens que elegeram Dilma em 26 de outubro podem até ter cometido rematado equívoco, embora seja deles o direito soberano de errar; nenhum deles, dentre os 53 milhões de eleitores da atual inquilina do Palácio da Alvorada, compactuaria com a roubalheira que contamina todo o setor público brasileiro, mormente esse vergonhoso affair do Petrolão. Jamais, tetéu, ou melhor, seo Alexandre Garcia, pra riba de nós não. Vade retro, para as profundas do PROJAC com tripas e tudo!
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