Preocupa-me a pseudo cruzada moralista que se trava hoje no Brasil.
Compartilho a indignação da sociedade diante de reiterados casos de corrupção denunciados; como também as suas dúvidas quanto à verdadeira motivação de alguns cruzadistas.
Essas dúvidas ganharam muita força com algumas revelações de fatos não republicanos praticados na busca de delações bombásticas.
Não vejo como remédio certo para combater o câncer da corrupção simplesmente gritar "pega ladrão" apontando tão somente para a classe política.
A classe política é apenas a mínima parte da sociedade brasileira. E, sem nenhuma dúvida, como em todas as demais, nela tem gente que se locupleta através da corrupção.
Mas, também, como em todas as demais, também tem gente que vê na corrupção um grande mal que precisa ser extirpado.
Para corruptos fora da classe política, é cômodo - e até divertido - ver as baterias do falso moralismo direcionadas todas para o Congresso Nacional.
Contudo, o buraco - não digo que seja mais embaixo, como sentencia o jargão popular - mas, é muito mais amplo.
Vejo na argumentação dos que insistem em só ver corrupção na classe política um viés ideológico pró ditaduras.
Pois, no passado, no presente e no futuro, qualquer Congresso que foi ou vier a ser eleito, sempre haverá de refletir uma média da visão, dos desejos, das aspírações, dos sonhos e até do caráter da sociedade que o escolheu ou escolherá.
Não vejo como ser diferente. A não ser que se encontre outra forma de eleição, que não seja a que temos adotado, baseada no pluripartidarismo e no voto livre, secreto e universal.
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