Parece, mas não é
Pode ser questão de idade. Chega um momento de sua vida em que você entende (ou será percebe?) que, nem sempre, a realidade é aquela que os seus olhos estão vendo.
Pode ser também uma questão de aprendizado. Quando eu era menino, tinha uma revista aqui no Brasil chamada “O Cruzeiro”. Era uma grande revista. Chegou a vender mais de um milhão de exemplares por edição semanal. Isto há cerca de 60, sessenta e tantos anos.
Pois bem: Uma das seções que mais prendiam a minha atenção em “O Cruzeiro” mostrava, em página par, um desenho em sombra... em sombra não, todo preto mesmo, parecendo uma coisa: um susto, um gesto de amor, um assalto, um padre rezando uma missa... quando você virava a página, aparecia o desenho real, mostrando uma coisa completamente diferente do que você, em princípio, imaginava ter visto.
Não lembro o título dessa seção. Era alguma coisa como “Parece, mas não é”; ou “As aparências enganam”. Mais tarde, já adolescente, pai (minha primeira filha nasceu quando eu ia completar 19 anos), conheci uma toalha de mesa feita de uma espécie de material plástico, que tinha o nome de “Linholene”. A propaganda dizia: “Parece linho; mas, é Linholene”. “Linho” era uma espécie de tecido vip da época.
Pensei nessas passagens todas e noutras mais que não posso enumerar por conta do espaço, ao perceber tantas versões diferentes saídas de sexta-feira pra cá sobre o hipotético aumento de tarifas nos transportes coletivos de Natal.
Qual será a verdadeira? Existirá mesmo uma verdadeira? Confesso que continuo sem saber. Um dia o tempo vai tirar todas as minhas dúvidas.
Hoje, porém, não posso deixar de externar a minha preocupação com o comportamento de governantes que estão mais preocupados “em jogar para a platéia” do que em “fazer gol”. Isto é, estão mais preocupados com a aparência do que com a realidade, do que com o principal, que é governar bem.
Veja-se o caso dos transportes coletivos de Natal. Louvo a coragem da prefeita Micarla de Sousa em sua determinação de segurar o aumento de tarifas. Esse aumento, segundo o outro lado, já estaria atrasado. Deveria ter saído em junho, lá se vão, portanto, no mínimo, quatro meses.
Diante dessa constatação, não posso esconder a minha dúvida e a coloco muito claramente: Micarla está segurando o aumento porque tem mesmo que segurar? Porque isso é o correto? Isso é o certo? Ou, simplesmente, está fazendo uma jogada tentando conquistar o aplauso da platéia?
Mais uma vez, entrego ao tempo a responsabilidade de esclarecer a minha dúvida. Aceito sugestões.
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