Por uma vida mais saudável, divinos ócios
Segundo alguns filósofos gregos, o ser humano deveria dividir seu tempo diário basicamente em 3 partes; 1/3 para o ócio, 1/3 para o negócio e 1/3 para o sono. Na atualidade, no entanto, a palavra “ócio” tomou uma proporção que Platão e companhia não esperavam, tornando-se algo muito mais desgastante que construtor para o homem.
“Negócio” significa, literalmente, a “negação do ócio”. Negócio para os gregos era todo aquele trabalho que realizávamos para o “mundo externo”. Por exemplo, se tenho uma empresa e nela ganho dinheiro durante 8 horas por dia, realizo nela um negócio. Daí evoluiu o termo hoje empregado nos comércios.
O problema é que na atualidade “ócio” é sinônimo de “não fazer nada”. Esse é um dos maiores males pro corpo e pra alma humana. Não é à toa, nem muito menos tolo, o ditado que diz que “cabeça vazia, panela do diabo”. Se o homem não ocupa seu tempo de ócio com atividades construtivas, ele será completamente tomado por atividades viciosas e destrutivas, de modo que, após cada período de ócio, o indivíduo estará ainda mais cansado do que antes e sua vida entra num ciclo vicioso até que se chegue a um stress doentio.
Precisamos, para conservar nossa saúde, ter períodos de descanso, mas de descansos verdadeiros, de “divinos ócios” que nos construam e não que nos destruam. Uma boa caminhada na praia, num parque, ter um momento de lazer com a família nos constroem; ter um hobby, algo que fazemos com ritmo e com prazer, também nos ajuda a manter a mente sã e, por conseguinte, o corpo são. Noites mal dormidas, horas em frente da televisão e encontros com familiares e amigos para brigar ou falar da vida alheia não são descansos, mas vícios.
É necessário aprender a diferenciar o cansaço da mente e o do corpo. Após uma longa jornada de estudo ou de qualquer trabalho que não seja braçal, quem está cansada é a nossa mente; nessas horas, 30 minutos de qualquer atividade física torna-se tão agradável sândalo que, aquele que se esforça para criar esse hábito, dificilmente consegue se livrar dele. Por uma vida mais saudável, divinos ócios.
Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN
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