O DESAFIO DOS MÉDICOS
Paulo Afonso Linhares
A questão
a saúde
pública
tem sido um dos gargalos intransponível
da Administração
Pública
brasileira, em todos os seus níveis.
Por isto, igualmente não
têm
faltado propostas para solucionar os graves problemas estruturais decorrentes
dos desarranjos do Sistema Único
de Saúde,
este que foi, por muitas anos, uma aposta de amplos setores da sociedade
brasileira e, desgraçadamente,
não
passou de mero sucessor de outras políticas
públicas
do passado, marcadas pelo fracasso. Claro, uma miríade de fatores se faz presente no
planejamento e execução
das políticas
públicas
na área
da saúde,
todos eles dependentes de financiamento estatal. Um destes fatores tem raízes na educação e se refere à formação dos recursos humanos na área da saúde, sobretudo, dos médicos.
Com efeito, historicamente o ensino médico no Brasil sempre teve um corte
elitista, na medida em que, há
décadas, a oferta de vagas nos cursos de Medicina tem
sido insuficiente para atender às
demandas da sociedade, mormente porque ofertadas quase que exclusivamente pelas
universidades públicas
durante muitos anos e, mesmo após
a criação
de vários
cursos médicos
ministrados por instituições
de ensino privadas, mais recentemente, não
mudou substancialmente esse quadro: a carência
de médicos
no interior do país
continua a ser um dado preocupante, tanto que a solução aventada pelo governo Dilma foi a
polêmica
"importação"
de médicos
(de Cuba, da Espanha etc.), que poderiam requerer inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina
sem convalidação
de estudos por instituições
de ensino superior brasileira. As entidades sindicais de médicos têm feito enorme barulho contra essa
vinda de médicos
estrangeiros, brandindo o argumento de que seria de qualidade duvidosa a formação desses profissionais e sem a
convalidação dos diplomas, como propõe o Governo Federal, não haveria nenhum controle e a população seria submetida a graves discos.
Outra proposta do Governo Federal, igualmente repudiada por
essas entidades, seria a prestação
de serviço
por dois anos pelos médicos
egressos de instituições
de ensino superior públicas.
Uma excelente ideia, mesmo porque embora esse ensino seja gratuito, seria de
grande alcance social essa retribuição.
Ademais, isto repõe
uma discussão
importante: a defesa do ensino público
e gratuito. Ora, a gratuidade do ensino público
não
seria vulnerada com a exigência
da prestação
de serviço,
por dois anos, pelos egressos dos cursos de Medicina ofertados por instituições de ensino superior (IES) públicas. A gritaria têm sido tão grande que o Governo Federal até já recuou com esta proposta.
Entretanto, uma medida de grande alcance, também, seria a criação de mais cursos médicos de qualidade nas IES públicas ou melhoria dos cursos
existentes, possibilitando em ambos casos um real aumento de vagas. Inclusive,
poderiam ser recrutados até
docentes estrangeiros com qualificação
acadêmica
aferíveis
segundo critérios
definidos pelas entidade públicas
de fomento à
pesquisa e capacitação
docente, tipo CNPq e CAPES. Veja-se, por exemplo, o caso da UERN: a sua
Faculdade de Medicina disponibiliza anualmente menos de três dezenas de vagas para o Curso de
Medicina. Claro, com recurso do combalidoTesouro estadual ou próprios da instituição seria inviável qualquer ampliação, porém, para o governo federal isto será "fichinha", triplicando
esse raquítico
número
de vagas. Por fim, com a formação
de mais médicos
anualmente, cabem aos governos dos diversos níveis federativos estabelecer políticas para distribui-los
equlibradamente pelas diversas regiöes
do país,
com a universalização
do acesso à
saúde,
de modo a tornar efetiva e não
menos viva a letra da Constituição.
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