quarta-feira, 7 de maio de 2014
Artigo de Roberto Guedes: 8 anos sem Aluizio Alves
Nesta terça-feira, 6, faz oito anos que o Rio Grande do Norte perdeu um de seus filhos mais ilustres e, sem sombra de dúvida, o maior líder popular que jamais conheceu, o jornalista, advogado e político Aluizio Alves.
Contudo, o único registro que a imprensa local fez desta data foi a publicação, como anúncio comercial, de três convites da família Alves para a missa a ser celebrada logo mais, às 19 horas, na igreja de Nossa Senhora da Esperança, no bairro de Cidade da Esperança, conjunto residencial que lembra uma singularidade: governador a partir de janeiro de 1961, Aluizio foi quem fez o governo começar a construir casas populares; bem depois é que surgiria um programa parecido no então Estado da Guanabara e anos adiante a União criaria sua política setorial com o hoje extinto BNH.
Criador de meios de comunicação que lhe sobrevivem, todos ainda vinculados à sua família, não se entende como estes não cuidaram de registrar honrosamente o aniversário de seu falecimento. Um irmão de Aluizio que costuma escrever em jornais porque ele lhe abriu as portas da imprensa ainda nos anos quarenta destacou há poucos dias o aniversário de nascimento de Carlos Lacerda, mas não se lembrou do oitavo ano da morte do grande líder. E o jornal que abrigou a ode a Lacerda e os anúncios da missa de oitavo aniversário relativo a Aluizio é “Tribuna do Norte”, exatamente o filho ao qual o grande líder tanto se dedicou. Não dá nem para pensar que é controlado pelo herdeiro político que Aluizio ungiu na maturidade e que agora tenta conquistar o governo do Estado, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), presidente da Câmara Federal, e administrado por três primos deste e sobrinhos em primeiro grau do fundador do periódico. A InterTVCabugi, também fundada pelo grande potiguar, não lhe fez referência pelo menos hoje, assim como as emissoras de rádio que ele agregou a seu grupo midiático.
É o oitavo aniversário de morte e o oitavo de nascimento desde 2006 que o Rio Grande do Norte desconsidera quase completamente, ressalvando-se a celebração católica sempre solicitada pelos aluizistas das classes mais pobres, notadamente os moradores da Cidade da Esperança.
Um leigo poderia usar uma tese cascudiana, segundo a qual Natal não consagra nem desconsagra ninguém, para tentar explicar esta omissão imperdoável. Talvez ela coubesse em relação a outras pessoas, mas não ao maior político que esta unidade federativa já ofereceu ao Brasil e ao mundo.
Parece mesmo que há um esforço induzido no sentido de apagar da memória do povo potiguar a imagem daquele que tanto o liderou.
É um verdadeiro absurdo que a própria família vetorize este processo de desimagem de Aluizio Alves, a quem reverencio nesta hora, independentemente das muitas ocasiões em que nos colocamos em pólos opostos, porque acima de tudo há em mim um honesto reconhecimento de sua incomparável grandeza.
Fraternalmente,
Roberto Guedes da Fonseca.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários críticos sem identificação não serão aceitos.