BANQUEIROS INGRATOS
Paulo
Afonso Linhares
Nunca
"na história deste país"
os bancos ganharam tanto dinheiro quanto nos governos petistas, o que, aliás,
foi admitido pelo ex-presidente Lula em entrevista à
imprensa. E isto não deixa de ser um enorme paradoxo. É
bem verdade que o governo tucano de FHC, também,
fez mimos impensáveis à banca
nacional quando não apenas criou um mega socorro para
instituições financeiras chamado PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento
do Sistema Financeiro Nacional), como promoveu uma agressiva política
de estímulo à concentração
de capital na área
financeira, causando o desaparecimento de todos os pequenos e médios
bancos de varejo, chegado a atingir, também, até mesmo
algumas das grandes redes bancárias como o Banco Nacional e o
Bamerindus. Restaram poucos e grandes bancos controlados pelo capital privado,
abrindo-se a possibilidades da instalação, no mercado brasileiro, de algumas
redes de bancos estrangeiros (HSBC, Santander etc.).
Com
efeito, sob o argumento de que deveria
evitar uma crise econômica sistêmica,
o governo
Fernando Henrique Cardoso implementou uma política
de recuperação das instituições financeiras
que estavam com graves problemas de caixa, o
PROER, resultando na injeção pelo Banco Central brasileiro de
uma montanha de dinheiro: No período de 1995 a aproximadamente 2000,
foram destinados em títulos de longo
prazo mais de R$ 30 bilhões
(corrigido pelo IGP-P, tal valor
ultrapassa, hoje, R$ 150 bilhões!) a bancos brasileiros, aproximadamente 2,5% do PIB,
o que foi posteriormente proibido com a advento da Lei Complementar nº
101/2000, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal, que proibiu aportes de
recursos públicos para
saneamento do Sistema Financeiro Nacional).
Em
2013, o lucro dos bancos, no Brasil, bateu todos os recordes. A soma do lucro registrado por quatro
bancos brasileiros (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco
do Brasil,) em 2013, atingiu a cifra superlativa de aproximadamente
US$ 20,5 bilhões (equivalente a R$ 47 bilhões),
ultrapassando o Produto
Interno Bruto (PIB) estimado de 83 países, no mesmo período,
conforme levantamento feito com base em dados do Fundo
Monetário Internacional (FMI).
O ranking dos lucros bancários ficou assim em 2013: o Banco do Brasil teve um lucro líquido de R$ 15,75 bilhões; o Itaú
Unibanco, de R$ 15,6 bilhões, o maior da
história de todos os
bancos brasileiros de capital aberto; o Bradesco lucrou cerca de em 2013 ficou perto de R$ 12 bilhões;
e o lucro do
Santander foi de R$ 5,7 bilhões.
Os resultados apresentados por estes quatro bancos em 2013 superou aqueles registrados em 2012. A posição
atual é a de que o Banco do Brasil, Itaú e Bradesco são
os bancos mais rentáveis das Américas.
Os "assaltos" dos empréstimos consignados e os juros
estratosféricos dos cheques especiais
garantiram esses resultados. Banqueiros, todavia, são
como os gatos: quanto mais comem, mais miam...
Estranho
é que todos esses resultados favoráveis
não têm
dado um freio nas línguas nada presas dos banqueiros e
analistas do mercado financeiro, a exemplo do recente episódio
que envolveu o Banco Santander, que remeteu aos seus correntistas vips
(com rendas mensais acima de R$ 10 mil) um informe alertando para os danos que
poderiam gerar à economia uma vitória
da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro de 2014: "A economia brasileira continua apresentando baixo
crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente. A quebra de
confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil em derrubar ainda mais a popularidade da
presidente, que vem caindo nas últimas pesquisas, e que tem contribuído para a subida da Ibovespa. Difícil saber até
quando vai durar
esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda
maior de Dilma Rousseff nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar
a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O
câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam
alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas
recentes."
Uma
pancada. Embora seja livre a expressão do pensamento, foi uma atitude
grosseira e descabida que até agrediu mais os correntistas alvos da
mensagem do que a Dilma Rousseff. Tanto que a direção
do Santander se desculpou publicamente e despediu os quatro responsáveis
pela veiculação do informe: "... Sendo assim, o Banco pede desculpas
aos clientes que possam ter interpretado a mensagem de forma diversa dessa
orientação, e reitera sua convicção de que a economia brasileira seguirá
sua bem-sucedida
trajetória de desenvolvimento.”
Explicou, mas, não convenceu. Intramuros, os
banqueiros continuam a torcer contra a reeleição
de dona Dilma.
Afinal,
noutro episódio recente, foi do rico camarote de
celebridades e endinheirados que o Banco Itaú (repita-se,
o detentor do maior lucro da história com os resultados de 2013),
montou na Arena Itaquera, que partiram os xingamentos e chulas agressões
à presidente da República,
quando da abertura da Copa do Mundo. Tudo bem coerente com aquelas peças
publicitárias desse banco, que começa
com um dedo rodando e termina com uma imoral dedada. Horrível
e de um mau gosto atroz. Assim, Quanto mais comem, mais miam esses vorazes
banqueiros com seus lucros maravilhosos. Até quando?
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