O CAMALEÃO
DA PETROBRÁS
Paulo Afonso
Linhares
Embora seja,
atualmente, a maior empresa petrolífera do planeta, a
nossa Petrobrás segue a sangrar, por obra e engenho
de "predadores internos" e poderosos inimigos externos, para lembrar
as palavras da presidente Dilma no seu discurso de posse no Congresso Nacional.
E lastimavelmente o Brasil também sangra com a
Petrobrás, na medida em que o mercado de
capitais representado, sobretudo, pela Bovespa, tem experimentado enormes
perdas que projetam graves dificuldades econômicas neste ano de
2015. No fundo dessa questão
estão as ações delitivas e
impatrióticas daqueles que, enquanto ocupantes
de postos de comando na estrutura da empresa, desbragadamente praticaram, em
proveito próprio ou de outrem, atos de corrupção
com o desvio de recursos financeiros vultosos. Ressalte-se, contudo, que o tal
"Petrolão" é mais um da espiral de escândalos que remonta
os primórdios da colonização
europeia nestas terras de Pindorama, ou seja, corrupção,
corruptos e corruptores de vários calibres
chegaram com as caravelas lusitanas e cá nesta exuberância tropical
encontraram o caldo de cultura ideal para perpetuação
de suas infames espécies.
Assim, enquanto
"a brisa do Brasil beija e balança" uma elite
perversa, patética e não menos pervertida,
apenas para ficar nos "pês", vai
corroendo as forças da nação ao longo de cinco
séculos de sandices e violações
ao patrimônio público, aviltando a
memória histórica e para
condenar definitivamente as seguidas gerações de brasileiros à miséria
de ignorância e do
subdesenvolvimento.Determinadas práticas lesivas ao
patrimônio público , todavia,
começam a merecer repúdio
da população brasileira, nos seus diversos níveis.
O braço da lei deve pesar sobre as cabeças
daqueles que ousarem violar o pacto republicano que é a pedra angular do
Estado brasileiro. Sem concessões nem vacilos.
Lembre-se, a propósito,
que até bem pouco tempo
havia líderes políticos,
inclusive que chegaram a governar Estados poderosos do Sudeste brasileiro,
cujas consignas políticas nada mais eram que variações
da parêmia que por muitos tempo caracterizou
o ex-governador paulista Ademar de Barros: "rouba, mas, faz!" Neste
quarto de século de vigência
da Constituição de 1988 muita coisa mudou. Algumas
instituições de sólida radicação
republicana nasceram do esforço constituinte de
dotar este país de mecanismos que fizessem valer um
conjunto de preceitos fundamentais que imantam a convivência
dos povos civilizados. Aqui não poderia ser
diferente: um Ministério Público com acendrado
grau de autonomia e independência funcional, uma
Polícia Federal cada vez mais eficiente e
autônoma e um Poder Judiciário
que, a despeito de alguns desvios, se mostra engajado, também,
na urgente tarefa da superação dos gargalos que
têm atravancado a marcha desta nação
rumo à contemporaneidade
do mundo.
Neste contexto,
mais do que no passado até recente, muitos
casos de corrupção não mais são
varridos para debaixo dos tapetes e merecem ampla divulgação,
com informações que são apropriadas
instantaneamente por um enorme número de pessoas, na
velocidade estonteante das redes sociais. E não pode ser
esquecido o papel que jogam diversas outras instituições
da sociedade civil, como os meios de comunicação e informação,
as entidades representativas de classes, as universidades etc.
Recentemente, mais um dos executivos da Petrobrás foi para o
xilindró: o ex-diretor da área
internacional da empresa é responsável
direto pela desastrosa compra da refinaria de petróleo
de Pasadena, nos Estados Unidos da América, Nestor Ceveró,
aquele fulano que parece um camaleão, com aqueles
olhos estrambelhados como se conseguisse olhar para duplo objetivo ao mesmo
tempo, coisa bem camaleônica. Aliás,
diante dessa semelhança, um amigo arguto observou:
"para o tal do Ceveró, é um olho no dinheiro da Petrobrás
e o outro na PF". O ex-executivo foi preso por uma coisa burra e prosaica
que fez: mesmo com todos os holofotes sobre si, ele tentou transferir bens
pessoais para filhos. Bem assim, com a boca da botija. Espertalhão.
Foi em cana esse camaleão da Petrobrás.
Coisas assim devem continuar a acontecer, até que um dia aqueles que administram patrimônios
da coletividade introjetem aquelas condutas que, noutras sociedades, se
caracterizam pelo repúdio à corrupção em todas as suas formas.
A partir daí muitas outras
coisas boas acontecem.
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