sábado, 2 de março de 2019

Artigo de Wellington Medeiros sobre Jota Gomes

Jota Gomes e a violência  

Wellington Medeiros
Jornalista


Destemido, competente, determinado. Era assim o repórter Jota Gomes que estreou no rádio natalense, na antiga Rádio Trairy,  depois Tropical, hoje CBN. Depois de passagem pela Tv Tropical, foi no “Aqui Agora”, da Tv Ponta Negra onde consagrou-se como um dos maiores repórteres do setor policial do Rio Grande do Norte, ao lado de Pepe dos Santos, Natanael Virgínio e Ubiratan Camilo, sem esquecer Sérgio Costa na atualidade e das mulheres, Elizabeth Biglione e Roberta Trindade. Jota Gomes viveu e conviveu com a violência, reportando os acontecimentos como quem conta uma história na calçada a um vizinho. 
Convivi com Jota Gomes na Rede Tropical, até a chegada da Televisão, onde atuou com a competência por todos reconhecida e admirada. Adaptado às câmeras – apesar do cabelo comprido do qual jamais se separou - e coincidentemente no período em que o xará Gomes Gil  fazia sucesso no SBT, onde chegou a atuar em muitas reportagens realizadas em São Paulo. O “Aqui Agora” do SBT o consagrou e aqui em Natal foi lá atuou até a aposentadoria, fragilizado por problemas cardíacos. 
Ao decidir afastar-se definitivamente do meio em que viveu – a cobertura de fatos policiais –, ainda prestou assessoria de imprensa ao ABC Futebol Clube e eis que, morando numa praia com a família, sobrevivendo com as dificuldades naturais dos aposentados da Previdência, o destino marca cruelmente os seus últimos anos de vida. Vítima da violência que tanto combateu. Assaltado, agredido e fragilizado, sobreviveu em tratamento na rede pública de saúde, onde apesar do acompanhamento e do carinho de médicos e enfermeiros, não resistiu. 
Familiares agora recebem o conforto dos que reconhecem em Jota Gomes o repórter que deixou uma marca de exclusividade: a sua alegria contagiante. E parte, ironia do destino, numa véspera de carnaval. Descansa em paz Josimar Gomes da Silva. Quem sabe em outro plano voltarei a ouvir a saudação carinhosa – “meu diretor”. 

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