Tenho acompanhado com atenção e esperança, mas também, com muita preocupação, o ardor com que muitos brasileiros revelam a sua determinação de enfrentar o criminoso e cruel esquema de corrupção que se implantou no nosso país.
Qual a razão da minha preocupação?
É que, agora, virou moda, qualquer um chamar o outro de ladrão e de corrupto - só por ouvir dizer, sem o menor cuidado em evitar ferir a honra e a dignidade da pessoa acusada.
Acho até natural que essa ânsia acusatória domine a cada um de nós que somos pessoas comuns, que sofremos na carne as consequências da corrupção, na hora em que precisamos de um médico, de um exame, de um medicamento, de uma internação hospitalar e somos obrigados a entrar na fila de espera.
Cada um de nós que precisa de segurança e não tem; cada um de nós que precisa de um emprego e não tem, merecemos, no mínimo, a compreensão da elite governante, que é formada por todos que tem cargos no Executivo, ou no Judiciário, ou no Legislativo, ou no Ministério Público - e que têm salários acima de 15 mil reais.
Essas pessoas, precisam compreender que, nenhuma delas está acima de qualquer suspeita. Todas elas têm o dever de procurar ser ou de ficar acima de qualquer suspeita. Mas, jamais estarão, como seres humanos - que todos somos. Por isso, nenhuma delas tem o direito de se julgar livre de uma investigação, mesmo que seja o próprio investigador.
É essa a razão da minha preocupação. De um lado, Qualquer investigado já é considerado culpado, mesmo que não sejam apresentadas provas concretas e legítimas de sua culpa; e de outro lado, muitos figurões se julgam imunes a qualquer investigação e ficam todos como a "maria não me toque", quando se fala que eles também precisam prestar contas à sociedade.
É o que acontece agora com ministros do Supremo Tribunal Federal, membros do Ministério Público e seus acusadores, especialmente no Congresso Nacional. Lamentavelmente.
E nós - a turma do andar de baixo - precisamos ter todo cuidado para não deixar que sejamos usados, como mera massa de manobra, como bucha de canhão por esses povo - pois, por mais incrível que pareça, há muitos interesses pessoais e corporativistas em jogo, nessa discussão.
São interesses quase sempre ilegítimos e que, sequer, chegam ao nosso conhecimento.
É briga de cachorro grande.
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