terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Artigo de Francisco Duarte Guimarães


O fotógrafo que irradiava luz

Ainda estou muito chocado com a morte do nosso colega e amigo Eduardo Felipe. Fotógrafo dos bons, melhor ainda repórter fotográfico. E mais ainda amigo, companheiro e figura humana. 

Lembro-me de umas experiências inesquecíveis juntos. Como quando fomos para Currais Novos fazer uma matéria e o carro derrapou na areia fina que tinha ficado na pista depois da chuva. O Scort, com a direção frouxa, sobrou na curva e desceu numa ribanceira cheia de mato e pedras enormes. Estávamos com o "burro a motor", o repórter Osvaldo Viviane, como o chamava Eduardo Felipe. Um susto enorme. Um caminhão que passava pelas redondezas nos resgatou com uma corda, puxando o veículo. 

Lembro-me também de quando, ao ver inesperadamente um acontecimento importante, já por volta das 23h, fui à sua casa, na rua Tabapoã, no Pajuçara, na Zona Norte, e o chamei para fazer o flagra jornalístico. Não se opôs. Muito pelo contrário. Pegou a máquina e registrou um dos maiores e mais deprimentes acontecimentos político-religioso, envolvendo figuras importantes do governo do Estado e da Assembleia Legislativa de então: o governador José Agripino, em plena campanha eleitoral, distribuindo ambulâncias à Assembleia de Deus, no Alecrim, com as presenças do deputado estadual e presidente da AL Raimundo Fernandes, que havia "devolvido" o dinheiro da AL “economizado” para o Estado e na loja de quem (RF Veículos) com esse dinheiro o governo Agripino havia sido adquiridas as ambulâncias. Presentes outros políticos, como Vivaldo Costa e o pastor-político Antônio Jácome, também em campanha. Eduardo flagrou Zé Agripino, com aquela pose, fumando em pleno interior da igreja principal dos protestantes do RN. Um sacrilégio. 

Tenho várias outras e inesquecíveis histórias vividas com o "Negão", como ele mesmo costumava se chamar e todos assim carinhosamente o tratavam. Mas gostaria de apenas registrar que, quando fui colaborar com Marcos Aurélio, em O Jornal de Hoje, sendo uma espécie de diretor de redação, logo no começo do jornal, e a empresa precisou de um fotógrafo, fui novamente à casa dele e o convidei para ocupar o cargo. Apresentei o nome dele a Marcos, dei o meu aval pessoal e Marcos o contratou. Eduardo ficou ali por dez anos até ser acometido por uma doença terrível que o obrigou a se afastar e agora vir a falecer. 

Era um cara novo ainda para ser tão covardemente atingido e ceifado desta vida. Mais que isso: era alegre, jovial, disposto, irradiava luz. Um grande companheiro, amigo leal e amante notável da família, especialmente de sua esposa Emília e de sua filha Rayane, da qual sempre nos falava com um contagiante amor e uma visível paixão. Lamento profundamente a perda desse nosso querido amigo e grande profissional da imprensa, que merecia até uma homenagem e reconhecimento. Rezo para que Deus lhe abençoe, guarde-o num bom e merecido lugar e dê conforto e muita fé para sua esposa Emília e a sua querida filha Rayane. 

Adeus, Edu.

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